Custo de capital elevado, câmbio, recessão e endividamento foram alguns dos pontos elencados por José Velloso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), como motivos que inviabilizam a retomada dos investimentos por parte das indústrias.
Para Velloso, que veio ao Recife para participar do evento comemorativo dos 80 anos da Abimaq, o aumento de investimentos em infraestrutura e a recomposição das margens de lucros são prioridades. “Precisamos de juros baixos, câmbio competitivo, restabelecimento do fluxo de crédito e o equacionamento dos passivos fiscais para criar um ambiente favorável aos investimentos produtivos”.
O presidente executivo afirmou que a Abimaq tem atuado em diversas frentes com o objetivo de criar as condições favoráveis ao investimento das indústrias.
Entre essas ações ele destacou a participação em coalizões, como a que busca impedir a aplicação do direito antidumping contra às importações brasileiras de aço que vem sendo solicitada pelas siderúrgicas nacionais.
De acordo com Velloso, essa medida causaria aumento de custos e afetaria a competitividade das indústrias, gerando desemprego e pressão inflacionária.
Velloso lembra ainda que se trata de um "tiro no pé", pois com a medida, os consumidores de aço no Brasil ficam com seus custos majorados, mas os bens fabricados com os mesmos aços feitos na China e Rússia entram no Brasil.
“O Brasil está sendo inundado de bens fabricados com este mesmo aço vindo da China e Rússia. Somente em máquinas em 2016 foram 3,6 milhões de toneladas de bens importados. Mais do que uma CSN”, explica.
O executivo também revelou que a entidade reivindica a ampliação do prazo de recolhimento de impostos federais e o incentivo à pontualidade no pagamento de tributos por meio de bônus de adimplência.
REFORMA TRIBUTÁRIA
Germano Rigotto, diretor de ação aolítica da Abimaq, que também participará do evento no Recife, defendeu a proposta de reforma tributária do deputado federal Luiz Carlos Hauly, que, segundo ele, poderá fazer o Brasil voltar a crescer de 5% a 7% ao ano, além de contribuir para a desconcentração da renda no Brasil.
“Caso o projeto seja aprovado, o crescimento econômico será de forma continuada e sustentada, e garantirá a neutralidade na competitividade entre as empresas, com o fim imediato da guerra fiscal entre os estados graças a criação do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) e o imposto seletivo cobrados no destino, o que o torna a livre concorrência mais justa”.
Rigotto abordará a atual situação política, o mercado industrial, as reformas política, trabalhista, tributária e da Previdência. “Não podemos mais perder tempo. O Brasil precisa de uma fotografia sem retoques dos problemas para que seja possível construir uma nova plataforma para o crescimento futuro”.
A entidade representa atualmente cerca de 7.500 empresas dos mais diferentes segmentos fabricantes de bens de capital mecânicos, cujo desempenho tem impacto direto sobre os demais setores produtivos nacionais.