terça-feira, 3 de outubro de 2017

Exposição polêmica vetada no Rio

Realizada na manhã desta terça-feira, a reunião do Conselho Municipal do Museu de Arte do Rio (Conmar) decidiu interromper a negociação para trazer a exposição "Queermuseu" para o Rio. Na nota, a instituição lamenta "o modo como este debate tem sido inflamado por intensas polêmicas, que levaram a Prefeitura do Rio de Janeiro, por ser este um museu de sua rede municipal de equipamentos culturais, a solicitar a não realização de Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira no MAR".

No comunicado, o conselho se coloca como "favorável à realização da exposição Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira, bem como a de qualquer outra atividade que contribua para o exercício da arte como fundamento de nosso processo civilizatório".

O Conmar conta com nove membros, dois deles ligados à SMC: a secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira, e o subsecretário de Cultura, André Marini, que também é presidente da Fundação Cidade das Artes. Além deles, o conslho conta com o seu presidente, Luiz Chrysostomo; Hugo Guimarães Barreto Filho, que representa a Fundação Roberto Marinho; e outros de cinco representantes da sociedade civil: Geny Nissenbaum, Ronaldo Munk, Pedro Buarque de Holanda, Luiz Paulo Montenegro e Paulo Niemeyer Filho.

Até o mês passado, o conselho era formado por sete integrantes, com apenas um deles ligado à Prefeitura, posto ocupado pela secretária de Cultura. No último dia 11, Marcelo Crivella publicou um decreto que alterou e fez vigorar uma nova composição do Conmar, que passou a ter nove integrantes, com uma cadeira extra para a prefeitura.

A polêmica em relação à montagem da exposição "Queermuseu" no MAR, após a sua suspensão no Santander Cultural, em Porto Alegre, motivada por protestos contra o que foi considerado "conteúdo obsceno e blasfemo", ganhou um novo capítulo no último domingo. Marcelo Crivella divulgou um vídeo em que pessoas protestam contra a vinda ao Rio "exposição de pedofilia e zoofilia". Ao fim, o prefeito diz que a mostra não seria realizada no museu: "Só se for no fundo do mar. Por que no Museu de Arte do Rio, não".

No comunicado divulgado na segunda-feira, a secretária de Cultura não abordou o posicionamento do prefeito, dizendo que estavam sendo avaliados "aspectos técnicos, financeiros e jurídicos de se trazer a exposição 'Queermuseu' para o MAR e que a segurança é fator prioritário, diante de "discursos de ódio e atos de violência".

Na tarde de segunda-feira, os principais museus e centros culturais do país divulgaram uma carta com 73 assinaturas pela liberdade artística e de expressão. Num dos trechos, o documento diz: “Resistiremos a esse trágico e obscuro momento no que se refere ao respeito mútuo e à garantia da liberdade de expressão”.

Jornal O Globo (Rio)