No último dia 26 de julho aconteceu, na Articulação Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), um encontro entre Brasil e Argentina. Estavam presentes representantes da ASA Brasil, do Centro Sabiá e da AS-PTA, da Plataforma Semiáridos e do governo da província de Salta, na Argentina. O objetivo do encontro foi o intercâmbio, onde a ASA apresentou toda a metodologia do seu Programa de Cisternas. A ideia é se inspirar no modelo da ASA para implantar uma política pública de construção de tecnologias sociais para armazenamento de água no Chaco argentino.
A região do Chaco argentino tem características climáticas similares ao Semiárido brasileiro. A região é frágil em abastecimento de água e o índice pluviométrico é baixo. Em Salta, 50% da população vive no campo. “Na área rural as famílias são muito dispersas, cerca de 3 a 4km distantes umas das outras. Um sistema comum de distribuição de água não seria o ideal. Mas as tecnologias já resolveriam muitos problemas”, explicou Gabriel Seghezzo, da organização argentina Fundapaz e coordenador da Plataforma Semiáridos, rede que reúne organizações de vários países da América Latina pelos direitos de indígenas e camponeses e seu desenvolvimento humano.
Toda a metodologia do Programa de Cisternas da ASA foi apresentada, desde a construção das cisternas, passando pelas formações, pela articulação política até a produção dos materiais de comunicação. “A perspectiva para a convivência com o Semiárido está baseada principalmente na capacidade de estoque, sobretudo de água”, disse Antônio Barbosa, coordenador do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Ele explicou que a construção de todos os Programas da ASA vem do conhecimento do contexto e das saídas que a população desenvolve diante dos problemas. “A ação deve ser baseada na observação de como as populações enfrentam os problemas. A ASA não inventou as experiências, o papel da ASA é sistematizar essas experiências e as propor como políticas”, afirmou.
Luis Goméz Almaras, ministro de Assuntos Indígenas e Desenvolvimento Comunitário da província de Salta, na Argentina, que também esteve na reunião, destacou a importância do diálogo com a sociedade civil e as populações na construção de políticas. “Eu acho que essa racionalidade é muito boa, de construir os projetos baseado nas necessidades e no contexto das populações. O diálogo do governo com a sociedade civil traz isso. Foi muito importante conhecer o trabalho da ASA no Brasil. Creio que vamos construir por esse caminho, um diálogo mais estreito com as organizações”, assegurou Luis.
Prêmio para o Programa de Cisternas brasileiro
O Programa Cisternas, do Brasil, foi, no começo do mês de julho, um das seis políticas públicas selecionadas em todo o mundo para receber o Prêmio Internacional de Política para o Futuro de 2017 (Future Policy Award), sendo considerada uma das melhores políticas para combater a degradação do solo. Característica marcante e diferenciada da iniciativa premiada é ter nascido no seio das experiências da sociedade civil, proposta como política pública pelas organizações atuantes no Semiárido e assumida pelo Estado. Entre as seis políticas selecionadas, haverá uma classificação para primeiro, segundo e terceiro lugares e menções honrosas, que será anunciada no dia 22 de agosto.
Saiba mais sobre o Programa de Cisternas no site da ASA Brasil: http://www.asabrasil.org.br/
Sara Brito - Centro Sabiá de Pernambuco