Os motoristas de ônibus do Grande Recife deflagraram, nesta segunda-feira (3), uma greve por tempo indeterminado. Por causa do movimento, a oferta de coletivos na região foi reduzida. Isso prejudica cerca de dois milhões de passageiros que usam o serviço diariamente na capital e Região Metropolitana. Diante da falta de transporte público, universidades e instituições federais de ensino suspenderam as atividades.
O Grande Recife Consórcio, responsável pelo gerenciamento do sistema, determinou a manutenção da frota mínima de 30%. O sindicato que representa a categoria informou que vai cumprir a decisão.
A paralisação tem como objetivo pressionar por melhores condições de trabalho e reajuste salarial de 7%. Além disso, os condutores querem aumento no valor de 20% no vale refeição. Os donos das empresas, durante as negociações, encerradas na quarta-feira (28), ofereceram aumento de 4% nos vencimentos.
Atualmente, segundo o presidente do sindicato, Benílson Custódio, um motorista recebe R$ 2.113. Com o reajuste solicitado, os vencimentos ficariam em R$ 2.197. Um condutor de coletivos no Grande Recife ganha R$ 225 de vale refeição. Com o aumento pedido, esse valor seria de R$ 270.
O Grande Recife Consórcio de Transportes determinou também a operação de 50% da frota, nos horários de pico. Ou seja, das 5h às 9h e das 16h às 20h. Essa decisão do órgão que gerencia o sistema não será cumprida, de acordo com o presidente do sindicato.
Benilson informou, por telefone, no início desta segunda, que a entidade sindical não foi notificada oficialmente da decisão de aumentar a frota nos horários de maior circulação de passageiros. “Vamos ficar nas garagens, ao longo do dia, permitindo a saída apenas de 30% dos veículos, como foi anunciado. Não faremos movimentos nas ruas, até por causa da chuva”, declarou.
No Recife, as paradas e terminais integrados da cidade ficaram quase completamente vazios, nesta segunda, por causa da paralisação dos rodoviários. No Terminal Integrado da Macaxeira, Zona Norte do Recife, e no do Barro, na Zona Oeste, os ônibus que passavam já chegavam lotados. O Grande Recife Consórcio gerencia um sistema que tem 13 empresas de ônibus. Elas realizam mais de 26 mil viagens por dia. São mais de 3 mil coletivos e 394 linhas.
A empregada doméstica Maria da Glória saiu de Chã de Conselho, em Paudalho, no Grande Recife, e, no Terminal da Macaxeira, tentava chegar ao bairro de Casa Forte, na Zona Norte da cidade. "Foi difícil chegar, mas o ônibus passou rápido na Avenida Caxangá (na Zona Oeste) e peguei o primeiro que passou. Aqui, está demorando muito", disse.
Gerente de operações do Grande Recife Consórcio, André Milibeu afirma que, em média, apenas 17% dos 30% dos ônibus acordados com a categoria foram postos na rua. "Vamos encaminhar os quantitativos à Justiça e ao Ministério Público do Trabalho, já que foram bastante aquém do combinado, para que eles avaliem. A quantidade de ônibus na rua é muito pequena e algumas linhas até pararam de operar. Nós pedimos 50% no horário de pique e 30% no resto do dia", disse.
Patrões
A Urbana-PE, entidade que representa os donos das empresas, informou por meio de nota, que o objetivo de garantir 50% da frota nos horários de pico era evitar transtornos e prejuízos à população.
"A Urbana-PE se empenhou ao longo das últimas semanas para chegar a um acordo junto aos trabalhadores rodoviários na definição do dissídio coletivo da categoria. Buscou-se uma solução que atendesse ao máximo aos interesses da categoria, sem esquecer, entretanto, a atual realidade do setor de transporte público", diz a nota.
Universidades
Por causa da paralisação dos rodoviários, instituições de ensino suspenderam as atividades, nesta segunda-feira (3), nos campi localizados no Grande Recife. Entre elas estão a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade de Pernambuco (UPE) e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). No Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), apenas o campus Cabo de Santo Agostinho suspendeu as aulas, mas o instituto informou que vai abonar as faltas de quem não conseguir chegar na instituição.
Metrô
Apesar da paralisação dos rodoviários, o metrô do Recife funciona normalmente, nesta segunda-feira (3), mas o movimento nas estações foi fortemente afetado pela greve. Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos do Recife (CBTU), cerca de 60% dos passageiros que pegam o metrô chegam às estações pelo Sistema Estrutural Integrado de ônibus."Ao todo, temos 15 estações de metrô que fazem integração com os ônibus, nos dois eixos metroviários. O tempo de espera padrão é de seis minutos. Caso a demanda de passageiros aumente, vamos injetar mais trens, para evitar a lotação", disse Murilo Barros, gerente de operações da CBTU Recife.
Portal G1