segunda-feira, 3 de julho de 2017

Comissão de Ética da Presidência abre processos contra dois ministros e três ex-ministros

A Comissão de Ética da Presidência (CEP) abriu processos contra dois ministros, um vice-presidente da Caixa e três ex-ministros no âmbito das delações da JBS. O presidente Michel Temer, investigado por três crimes no Supremo Tribunal Federal (STF) por conta dessas delações, não é abrangido pela CEP. A partir desta segunda-feira, terão de prestar contas à CEP em dez dias Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações - na foto) Marcos Pereira (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Geddel Vieira Lima (ex-ministro da Secretaria de Governo), Antonio Carlos Ferreira (vice-presidente corporativo da Caixa), Guido Mantega (ex-ministro da Fazenda, Planejamento e ex-presidente do BNDES) e Fernando Pimentel (governador de Minas e ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).

As colaborações premiadas da JBS fizeram com que o colegiado convocasse uma reunião extra. A comissão, que tem caráter consultivo e pode no máximo recomendar a demissão, já analisa condutas de outras oito autoridades e ex-autoridades citadas nas delações da Odebrecht. É o caso de três ministros do presidente Michel Temer que foram delatados por períodos em que eram ministros: Eliseu Padilha (Casa Civil, ex-ministro dos Transportes), Moreira Franco (Secretaria Geral, ex-ministro da Secretaria de Aviação Civil) e Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia, ex-ministro das Cidades).

Ex-ministros petistas também têm condutas éticas analisadas pelo colegiado, no âmbito de delações da Odebrecht: Guido Mantega (ex-ministro da Fazenda, Planejamento e ex-presidente do BNDES), Paulo Bernardo (ex-ministro do Planejamento), Fernando Bezerra Coelho (ex-ministro da Integração Nacional), Edison Lobão (ex-ministro de Minas e Energia) e Alfredo Nascimento (ex-ministro dos Transportes).

— A marcha em prol da ética pública é essencial, especialmente neste momento em que de algum modo pode se supôr que questões relacionadas à moral e à ética sejam questões de segundo plano — afirmou o presidente da CEP, Mauro Menezes.

O presidente Michel Temer é investigado no Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de Justiça, no âmbito de delações da JBS. No entanto, o presidente não é abrangido pela Comissão de Ética. Temer é o primeiro presidente da História do Brasil a ser denunciado no exercício do mandato por crime cometido durante o governo.


Jornal O Globo (Rio)