Após sete anos com diminuição no número de homicídios, Pernambuco apresenta um crescimento das mortes violentas a partir de 2014, voltando ao padrão de 2009 e 2010. O dado faz parte do Atlas da Violência, divulgado nesta segunda-feira (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que inclui informações até 2015 e traz um retrato da violência no País.
Na lista das cidades mais violentas do país com mais de 100 mil habitantes em 2015, duas são pernambucanas e localizadas na Região Metropolitana do Recife. Cabo de Santo Agostinho aparece em 10º lugar com 85,3 mortes violentas por 100 mil habitantes, enquanto Igarassu apresenta taxa de 69,4, ocupando o 28º lugar.
Os pesquisadores destacam que, entre 2007 e 2013, o estado foi uma “ilha de diminuição de homicídios no Nordeste”, com uma redução de 36% na taxa, indo de 4.557 mortes violentas para 3.124. Em 2014, o número volta a subir, com 3.358 homicídios registrados e crescimento para 3.847 em 2015.
Mortes
A taxa de homicídios do estado chegou ao patamar mais baixo justamente em 2013, com 33,9 mil mortes violentas para cada 100 mil habitantes. Em 2015, foi de 41,2 para cada 100 mil, superior aos 39,5 para cada 100 mil registrados em 2010.
Em números gerais, Pernambuco registra uma diminuição de 11,2% no número de mortes violentas ao se comparar 2005 com 2015. Ao se comparar 2014 e 2015, há um aumento de 14,6% nos homicídios registrados. O estado figura com a 7ª maior taxa de homicídios do país em 2015.
Jovens assassinados
O Atlas da Violência mostra que, assim como os números gerais de homicídios, os assassinatos de homens jovens de 15 a 29 anos apresentaram queda em Pernambuco entre 2007 e 2013, com crescimento a partir de então. Nos 11 anos da pesquisa, a redução é de 18,1% no número total. Comparando 2014 e 2015, há um aumento de 13,9%.
Levando-se em conta apenas a população de homens jovens entre 15 e 29 anos, a taxa foi de 201,6 mortes violentas para cada 100 mil habitantes nessa faixa etária em 2005, primeiro ano do estudo. A menor taxa foi registrada em 2013, com 132,3 mortes para cada 100 mil jovens homens entre 15 e 29 anos. Em 2015, foi de 171,2 mortes para cada 100 mil homens nessa faixa etária.
Mortes por arma de fogo
O estudo traz também um recorte sobre as mortes por arma de fogo. Assim como os homicídios em geral, há uma diminuição entre 2005 e 2015, indo de 3.509 a 3.065, uma redução de 12,7%. Ao se comprar 2014 e 2015, há um aumento de 20,5% de morte desse tipo.
A proporção de homicídios por arma de fogo no estado segue a cima da média nacional ao longo dos 11 anos da pesquisa. Em 2005, eram 81,1% no estado e 70,2% no país como um todo. A proporção foi de 79,7% em 2015, quando a média nacional foi de 71,9%.
17 mortes por dia
O último balanço divulgado pela Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco contabilizou 2.037 pessoas assassinadas nos quatro primeiros meses de 2017, o que equivale a um aumento de 44,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando houve 1.412 assassinatos no estado.
Apenas durante os 30 dias do mês de abril, o governo estadual registrou 514 homicídios, o que mantém a média de 17 pessoas assassinadas por dia em Pernambuco, registrada desde fevereiro deste ano. Comparando o dado com os 354 assassinatos contabilizados em abril de 2016, houve um aumento de 45%.
Ações do governo estadual
A SDS divulgou nota destacando que já atua para reduzir o número de homicídios no estado. Segundo o governo, já há uma redução nos índices de assaltos a ônibus e transeuntes, estupros e violências contra a mulher e que o "trabalho de ampliação e qualificação das investigações e da ostensividade, desenvolvido pelas polícias, sob coordenação do Pacto pela Vida, trará, ao longo dos próximos meses, resultados ainda melhores em prol da segurança dos pernambucanos".
Portal G1