A União Europeia (UE) rompeu hoje (24) a neutralidade e manifestou apoio, nesta segunda-feira (24), a após a vitória do social liberal Emmanuel Macron no primeiro turno das eleições presidenciais da França. Bruxelas, sede da UE, rompeu sua tradicional neutralidade para manifestar apoio no segundo turno ao candidato europeísta do movimento Em Marcha! , contra a ultradireitista Marine Le Pen. as informações são da agência EFE.
Macron - o mais pró-europeu dos 11 candidatos do primeiro turno na França, defensor incondicional da reativação do projeto europeu - enfrentará a líder do partido de extrema direita Frente Nacional, a eurodeputada Marine Le Pen, que paradoxalmente fez do abandono do euro sua bandeira e defendeu a realização de um referendo para a saída da França da UE.
Teste para a Europa
A disputa francesa, única não só pela ausência de partidos tradicionais, mas também pela ruptura ideológica, transformou o segundo turno das eleições presidenciais na França, marcado para 7 de maio, em uma espécie de "referendo sobre a Europa", nas palavras do comissário de Assuntos Econômicos da UE, Pierre Moscovici.
O socialista francês Moscovici foi um dos primeiros a pedir votos para Macron, que compartilha de sua ambição por um fortalecimento da zona do euro. "Há um candidato que é o de todos os democratas e pró-europeus, que é Emmanuel Macron. Não deve faltar-lhe nenhum voto e terá o meu em 7 de maio", disse Moscovici.
Com a Europa no centro da campanha, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, felicitou publicamente Macron “pelo seu resultado no primeiro turno e lhe desejou ânimo para o futuro", informou o porta-voz comunitário Margaritis Schinas no Twitter. "Nosso presidente pensou que era útil ligar para o candidato que tinha defendido a opção a favor da Europa", explicou Schinas, quando perguntado pela incomum felicitação da Comissão Europeia, que tem por norma não pronunciar-se sobre processos eleitorais em curso.
"Ver as bandeiras da França e da UE comemorando o resultado de Macron é a esperança e futuro de nossa geração", afirmou a alta representante para Política Exterior da UE, Federica Mogherini; também pelo Twitter.
O chefe negociador para o "Brexit" na UE, Michel Barnier (conservador francês), e os principais grupos políticos da Eurocâmara, entre outros, também não duvidaram em expressar seu apoio ao líder centrista. Barnier declarou que, como "patriota e europeu", votará em Emmanuel Macron no dia 7 de maio.
Mais fôlego para o projeto europeu
Já o líder do Partido Popular Europeu na Eurocâmara, Manfred Weber, ressaltou que "todos os democratas devem estar unidos contra os radicais e populistas", enquanto a vice-presidente dos social-democratas europeus, a espanhola Elena Valenciano, destacou que Macron "é um sopro de ar europeísta, imprescindível para a França, a Espanha e a Europa".
Se for confirmada a derrota de Marine Le Pen no segundo turno, Bruxelas salvaria uma terceira eleição comprometida após a derrota dos radicais na Áustria, na Holanda e, aparentemente, na França, à espera de saber o que acontece em setembro nas eleições alemãs.
Neste cenário, Bruxelas faz malabarismo para encontrar o difícil equilíbrio entre a manutenção de sua neutralidade e a necessidade de apoiar um candidato eurófilo, especialmente depois de ter sido muita criticada por não ter se posicionado com mais firmeza durante o referendo sobre o "Brexit".
O porta-voz da Comissão reforçou hoje que o Executivo comunitário "não fará campanha" em relação ao segundo turno das eleições na França, mas que estará preparado para fazer "uma defesa da verdade fática e objetiva" das políticas europeias e "dissipar as controvérsias".
Agência Brasil