O presidente Michel Temer decidiu que cortará o salário dos servidores que participarem da greve geral convocada para esta sexta-feira. A decisão foi tomada em reunião com os ministros, na segunda-feira, de onde saiu o anúncio de que os detentores de mandatos seriam exonerados para votar a reforma da Previdência na Câmara. Segundo relatos dos presentes, a ideia ventilada foi reforçada pelo ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, e em seguida por Temer, que endossou a decisão. A decisão foi adotada também pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que já afirmou que vai cortar o ponto de funcionários da prefeitura que aderirem à greve na sexta-feira.
A ideia do presidente é manter ao máximo o tom de normalidade no dia da greve. Ele ficará em Brasília e trabalhará normalmente. O governo avalia que a mobilização não sairá das capitais e espera que não seja transmitida a imagem de "grande greve nacional". Haverá um forte esquema de segurança na Esplanada dos Ministérios, que ficará fechada, e que vai incluir revista de bolsas. A segurança ficará a cargo da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Em outubro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) validou o corte de ponto de servidores que aderissem a paralisações. Há um decreto que permite o corte de ponto de servidores que aderirem a greves, mas isso nunca ocorreu nos governos petistas de Lula e Dilma.
O governo de Brasília assinará nesta quinta-feira um novo protocolo para a segurança em protestos na área central da cidade. O primeiro dia em vigor será justamente na sexta-feira, dia com promessa de greve geral e manifestações.
Nesta quarta-feira, mais de 40 pessoas participaram de uma reunião no Palácio do Planalto para que fosse apresentado o texto final desse protocolo. O objetivo é definir responsabilidades, condutas e horários para lidar com manifestações. Na Esplanada de Brasília, há cerca de 50 órgãos, locais e federais.
A Esplanada dos Ministérios pode ter, no intervalo de poucos metros, uma área de atribuição das Forças Armadas, Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Polícia Legislativa, Polícia Civil ou Polícia Militar, por exemplo.
Na Copa do Mundo e na Olimpíada do Rio — que tiveram jogos de futebol na capital federal —, protocolos específicos foram assinados, mas tiveram duração atrelada aos eventos. Agora, a intenção é fixar um texto.
São Paulo - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), também afirmou que vai cortar o ponto de funcionários da prefeitura que aderirem à greve na sexta-feira.
— Eu não apoio esse movimento. Já disse que, na Prefeitura de São Paulo, funcionários públicos que participarem, vão ter seu ponto cortado — declarou o prefeito a uma rádio paulista na quarta-feira.
Segundo assessores, o prefeito não mencionou a publicação de decreto com a medida, mas apenas a orientação para que os chefes de sessão dos órgão municipais corte os pontos dos servidores que não comparecerem ao trabalho.
Em vídeo postado numa rede social ontem, Doria anunciou também que fez um acordo com empresas de aplicativos de transportes, como Uber e 99, para driblar a paralisação dos transportes públicos. Segundo o prefeito paulistano, as empresa levariam gratuitamente os funcionários municipais que solicitassem o serviço de transporte para ir trabalhar na sexta-feira.
Questionada sobre quais as empresas teriam acertado esse serviço para a Prefeitura, e quanto isso custaria, a assessoria de Doria informou que as negociações ainda estavam em andamento, mas que o serviço não vai gerar custos pois terá caráter de doação.
Jornal O Globo (Rio)