Os republicanos retiraram de apreciação nesta sexta-feira (24) sua proposta para reforma da saúde, que tentariam aprovar no Congresso em substituição ao programa do ex-presidente Barack Obama, o "Obamacare". Trata-se da primeira grande batalha e primeira grande derrota do novo governo americano no Legislativo.
Em coletiva de imprensa, o presidente da Câmara dos Representantes Paul Ryan disse que sugeriu ao presidente Donald Trump que a Casa retirasse o projeto de apreciação depois que os republicanos não chegaram a um consenso sobre o voto, e que o presidente concordou com a decisão.
"Chegamos muito perto", disse Ryan. "Mas não chegamos a um consenso hoje", afirmou, acrescentando que "isso não é o fim da história". "Chegaremos lá, mas não chegamos lá hoje", disse. Ryan não disse quando a lei deverá ir para votação. "Nós vamos conviver com o Obamacare no futuro próximo. Não sei quanto tempo levará para nós substituirmos essa lei. Minha preocupação é que o Obamacare vai piorar", afirmou.
Em pronunciamento na Casa Branca, o presidente Trump disse que o Obamacare irá "explodir". "Será um ano muito ruim para o Obamacare", disse. "Foi uma experiência que levará a uma lei de saúde ainda melhor", acrescentou. Trump disse ainda que agora o Congresso deve se concentrar na reforma fiscal.
Mais cedo, um repórter do diário "Washington Post" relatou que recebeu uma ligação do próprio Donald Trump dizendo que "retiraram" o projeto.
Nos bastidores se formava uma rebelião entre conservadores e moderados dentro do próprio Partido Republicano. Da maneira como andava a negociação em torno do projeto, antevia-se uma derrota da proposta no Congresso: o presidente da Câmara, o republicano Paul Ryan, chegou a ir nesta sexta à Casa Branca para informar Trump de que não haveria votos suficientes para a aprovação.
Ryan foi à mansão presidencial faltando poucas horas para a votação na Câmara, para informar ao líder sobre a situação e tomar uma decisão conjunta sobre realizar a votação ou descartar as negociações acerca da proposta que agora está na mesa.
Adiamento - Na quinta-feira, a liderança republicana já teve que adiar a votação que estava prevista por não conseguir um consenso dentro de sua própria bancada e não contar com os votos suficientes para aprovar a legislação.
Após esse primeiro revés, Trump deu um ultimato aos republicanos, exigiu que convocassem uma votação para sexta apesar da falta de acordo e assegurou que não estaria disposto a prolongar mais as negociações. Assim caso perdesse, estaria disposto a deixar em andamento o Obamacare.
Um dos problemas enfrentados por Trump para conseguir a aprovação foi o Freedom Caucus (Bancada da Liberdade), grupo ultraconservador de legisladores que criou dificuldades para um acordo porque quer menos regulamentações e que os cidadãos sejam capazes de escolher quais os cuidados médicos serão cobertos por seus planos de saúde.
Entenda o que está em jogo
Criada em 2010, a lei conhecida como Obamacare ampliou o acesso universal à saúde, mas aumentou os preços de planos para quem não recebe assistência do governo.
A lei tem várias regras, como a proibição de que planos de saúde aumentem preços com base no histórico do paciente ou neguem cobertura a doentes graves.
Em troca, o Obamacare exige que todo americano ou estrangeiro que vive nos EUA tenha um plano de saúde.
Trump considera o Obamacare muito caro e coercitivo. Derrubar a lei e substituí-la foi uma importante promessa de sua campanha.
Uma nova lei proposta pelos republicanos manteria subsídios do governo a alguns setores da população, mas os montantes seriam menores. E a reforma tiraria a multa a quem não tiver plano de saúde.
Grupos mais conservadores do Partido Republicano não aceitam nenhum tipo de subsídio, por isso, desaprovavam a proposta de Trump.
Estima-se que o atual plano republicano pode deixar 14 milhões sem seguro saúde em um ano.
Portal G1