Os empresários brasileiros estão num mato sem cachorro. Apoiaram o golpe parlamentar de 2016, que produziu a maior depressão econômica de todos os tempos, e agora têm que aturar um governo que destrói a burguesia nacional.
O dilema do setor produtivo é encontrar uma forma de contestar o desastre da era Temer, sem dar o braço a torcer.
Os sinais de insatisfação, no entanto, se espalham por vários setores. O mais recente foi o pedido de vários empresários para que Michel Temer demita a presidente do BNDES, Maria Silva Bastos Marques (leia aqui). O motivo: ela travou os empréstimos e transformou o que antes era um banco de fomento num escritório de assessoria a privatizações.
Antes disso, empresários do setor industrial se reuniram num grupo chamado Produz Brasil, e divulgaram manifestos contra a decisão de Pedro Parente, presidente da Petrobras, de exterminar a cadeia de fornecedores brasileiros no setor de óleo e gás. Parente quer matar a política de conteúdo nacional, atendendo a uma demanda que, na realidade, é das empresas internacionais de petróleo.
No desastre mais recente, o da carne, os empresários do setor agropecuário são obrigados a lidar com um governo sem credibilidade para enfrentar a crise, uma vez que o ministro Osmar Serraglio – não demitido por Temer – é ligado à máfia dos fiscais agropecuários, que, segundo a Polícia Federal, arrecadavam propina para o PMDB (leia mais aqui).
Se isso não bastasse, Henrique Meirelles, antes o queridinho dos mercados, deve anunciar na próxima semana aumentos de impostos, uma vez que a sua própria depressão econômica derrubou a atividade empresarial e, por consequência, a arrecadação de impostos.
Ao apoiar o golpe, os empresários fizeram um péssimo negócio. A questão, agora, é como sair dessa encalacrada.
Portal Brasil 247