Nos últimos dez anos, o salário médio na China mais do que dobrou e hoje supera a média salarial brasileira, que caiu no mesmo período, indica estudo do grupo Euromonitor International divulgado pelo jornal britânico Financial Times do último domingo (26).
Enquanto a média salarial chinesa, levando em conta todos os setores, passou de US$ 1,50 (R$ 4,67) por hora em 2005 para US$ 3,30 (R$ 10,27) em 2016, a média brasileira caiu de US$ 3,40 (R$ 10,59) para US$ 3,00 (R$ 9,34) nos mesmos anos. A média salarial chinesa também supera a do México e da Colômbia, ambas em US$ 1,80 (R$ 5,60).
O estudo evidencia não só o crescimento chinês, mas também o agravamento dos problemas econômicos enfrentados por Brasil e a maior parte da América Latina nos últimos dez anos, onde os salários caíram em confronto com a inflação no mesmo período.
Trabalhadores da indústria estão entre os mais bem pagos na China, diz o FT. Um trabalhador chinês do setor recebe por hora mais do que um trabalhador no Brasil, no México ou na Argentina – entre os maiores países da América Latina, somente o Chile paga mais do que a China na indústria, diz o estudo. A média chinesa no setor também consiste atualmente em 70% do salário pago em Portugal e Grécia, países europeus que se recuperam de uma grave crise econômica nos últimos anos.
Enquanto na China a média salarial na indústria triplicou em dez anos, passando de US$ 1,20 por hora (R$ 3,74) em 2005 para US$ 3,60 (R$ 11,21) em 2016, no Brasil este valor caiu de US$ 2,90 (R$ 9,03) para US$ 2,70 (R$ 8,41) no mesmo período. No México, a indústria paga em média US$ 2,10 por hora, e na Argentina, US$ 2,50. Portugal mantém os salários mais altos do que a indústria chinesa, mas passou de US$ 6,30 em 2005 para US$ 4,50 em 2016.
Segundo o FT, o instituto Euromonitor usou dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho), do Eurostat, instituto de estatísticas da União Europeia, e dados oficiais dos países analisados. Os salários nacionais foram convertidos para dólar norte-americano e ajustados segundo a inflação, mas os dados apresentados não levam em conta as diferenças no custo de vida, nas condições de trabalho ou os direitos assegurados aos trabalhadores em cada país.
Para Oru Mohiuddin, analista de estratégias econômicas do Euromonitor, mesmo com o aumento dos salários na China, as grandes indústrias não devem transferir suas operações para países com salários mais baixos. A razão é o crescimento do mercado interno chinês, disse a especialista ao FT. “Em muitos setores, a China representará 20% do mercado em 2020, similar à América do Norte e à Europa Ocidental”, afirmou. “Faz sentido que [as indústrias] permaneçam na China.”
Opera Mundi