Se houve algum tipo de articulação prévia eu desconheço, mas a sessão das 19hs20 de sábado (3) do filme Aquarius no Caixa Belas Artes, em São Paulo, terminou com a plateia em coro gritando “Fora Temer”.
O cinema estava completamente lotado. Os ingressos já estavam esgotados pelo menos meia hora antes do começo da exibição.
Não vi na fila da pipoca e do ingresso nenhum sinal de militância organizada.
Ninguém estava usando camiseta do PT ou com o rosto de Dilma Rousseff, Lula ou Che Guevara estampado. Mas nas conversas paralelas que antecedem o apagar das luzes muita gente lembrou das polêmicas recentes evolvendo o longa de Kleber Mendonça Filho com Sonia Braga.
Na última delas, o Ministério da Justiça recuou e diminuiu a classificação indicativa de 18 para 16 anos.
Na primeira, em maio, a equipe do longa constrangeu Temer internacionalmente ao levantar, no tapete vermelho de Cannes, cartazes com os dizeres: “um golpe ocorreu no Brasil”, “Resistiremos” e “Brasil não é mais uma democracia”.
Amigos, colegas e conhecidos relatam que os gritos contra Temer se repetiram em outras salas de várias cidades. Os defensores do impeachment de Dilma que hostilizam o filme e defendem seu boicote estão colaborando muito para o seu sucesso.
Para muita gente, Aquarius virou um tipo de desobediência civil.
Estadão - Pedro Venceslau