Os taxistas do Recife, mobilizados para protestar contra o serviço prestado pelo Uber,estiveram no edifício-sede da prefeitura, na área central da capital pernambucana, nesta segunda-feira (5). Integrantes da categoria se encontraram com representantes do governo municipal. Durante o encontro, a administração municipal informou à categoria que mantém, por meio da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), a fiscalização contra o transporte remunerado irregular de passageiros.
A vistoria, segundo a PCR, acontece conforme a Lei Federal 12.468/2011 e ocorre em táxis de outros municípios operando na capital, vans irregulares de transporte escolar e de carros particulares atuando como táxis. Em relação à regulamentação do aplicativo Uber no Recife, a Prefeitura informou, por meio de nota, que qualquer legislação municipal referente a esse segmento deve estar adequada à legislação federal.
Ainda de acordo com a PCR, esse é o mesmo entendimento do Ministério Público Federal (MPF), que recomendou ao Congresso Nacional o debate, discussão e regulamentação das novas tecnologias contempladas pela legislação atual. A administração municipal também lembrou o posicionamento da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Fátima Nancy Andrighi, de defesa à regulamentação do aplicativo através de uma lei federal.
No início da manhã desta segunda, eles começaram a se mobilizar para uma carreata. Uma longa fila de táxis, a perder de vista, se formou na Avenida Beira Rio, na Zona Norte do Recife. Por volta das 8h50, eles passaram a circular pela ruas centrais da cidade.
De acordo com o movimento, os taxistas seguiram em direção à Praça do Derby, na área central da capital, e passaram pela Avenida Conde da Boa Vista. Na concentração, 40 veículos estavam estacionados.
Taxista há quatro anos, Paulo Ricardo Ramos é um dos motoristas que integram o movimento. Contrário ao aplicativo, questiona a necessidade de mais uma alternativa de transporte na cidade.
“Nós queremos o fim do Uber, porque não tem como debater uma coisa ilegal. Nós somos legais, pagamos impostos e ponto final. Porque existe Uber? Ao todo, 97% da nossa frota é composta por carros modernizados e motoristas uniformizados com terno, grava e camisa de manga comprida. Não tem nenhuma exigência que possa cair para o nosso lado”, defende.
Dessa vez, a mobilização não tem ligação com nenhum sindicato da categoria. Para o presidente do Sindicato dos Taxistas de Pernambuco (Sinditáxi), Everaldo Menezes, o ato é organizado por um grupo que está “desesperado”.
“O Sindicato não participa, porque fizemos uma grande mobilização com 1.500 carros. Fomos à CTTU [Companhia de Trânsito e Transporte Urbano], ao Ministério Público de Pernambuco, à Secretaria de Governo e entramos na Justiça com a documentação pedindo a saída da Uber”, cita.Ele explica que só resta à categoria aguardar um retorno.
O secretário de Turismo, Esportes e Lazer, de Pernambuco, Felipe Carreras, esteve no local da concentração para tentar minimizar os impactos da carreata no trânsito do Recife. “Eu vim aqui apenas para colaborar, intermediar, para que não haja nenhum tipo de prejuízo a população, no sentido de atrapalhar a mobilidade. A gente conseguiu desmobilizar uma organização maior para não travar o trânsito”.
Em agosto, a categoria usou nariz de palhaço, levou cartazes e gritou palavras de ordem contra o Uber. A carreata saiu do Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre. Na ocasião, os taxistas realizaram um ato públiuco contra os veículos que fazem transporte de passageiros utilizando aplicativos de celular.
No dia 13 de julho, os motoristas fizeram uma manifestação no Centro da cidade. Durante toda a manhã, o trânsito ficou complicado na região. Depois do ato, eles seguiram para o Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual.
Por causa do ato público, uma longa fila de veículos se formou entre a Câmara Municipal do Recife e a ponte de acesso ao Palácio do Campo das Princesas. Uma comissão foi escolhida para negociar com representantes da Casa Civil.
Em um encontro com representantes do estado, o grupo foi informado que teria de esperar para discutir o assunto. Um novo encontro chegou a ser marcado para o dia 20 de julho, com o objetivo de tratar o assunto com as prefeituras.
Diante da falta de respostas para as reivindicações, os taxistas seguiram para o aeroporto. O trânsito na região ficou muito complicado, no fim da tarde. Os responsáveis pela organização do movimento chegaram a bloquear vias da áreas, mas acabaram se desmobilizando depois de negociação com a Polícia Militar.
O que dizem os Ubers?
No último sábado (03) o aplicativo Uber completou 6 meses de sua chegada ao Recife. Conflitos entre taxistas e motoristas do novo serviço da cidade têm crescido bastante e por isso, preocupado a população. Na noite do dia (04), o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, gravou um vídeo de apoio aos taxistas, onde, de forma rude e exclusiva, disse que estava diante de uma classe de trabalhadores e que iria intensificar a fiscalização ao aplicativo, gerando ainda mais acirramento entre as classes.
Em consequência disso, a segunda-feira (05) iniciou com promessas de paralisação de trânsito nas principais avenidas da Capital, em diversos momentos do dia, por parte dos taxistas. As autoridades não chegaram a um consenso a respeito da atividade do Uber no Recife, o que incentiva o embate entre as duas categorias e seus defensores.
“Os motoristas do Uber querem a regulamentação, os Taxistas, a continuação do trabalho e a suspensão do Uber, e por isso, a falta de bom senso dos gestores do Recife tem aumentado ainda mais a batalha por passageiros no Recife", destacou Ricardo Martins, motorista do Uber. Já para o empresário e usuário assíduo do Uber, Érico Santos, não há razão para toda essa guerra, “o Uber tem mostrado que é possível existir serviços de qualidade a preço justo. A população escolheu o Uber e o prefeito é representante do povo e não de uma classe”, destacou Érico.
Veja o vídeo do prefeito (e candidato à reeleição Geraldo Júlio) apoiando os taxistas:
Com informações do Portal G1 e do jornalista Rômulo França