Natal viveu mais uma madrugada de violência nesta terça-feira (2). Entre 22h e 6h, a cidade registrou seis ataques – no mais grave deles, criminosos incendiaram um depósito e quatro veículos estacionados no local. Para combater a sequência de ataques que se arrasta desde o final de semana, o Rio Grande do Norte deve receber 1,2 mil militares das Forças Armadas ainda nesta terça-feira, depois de ter aprovado o pedido de reforços pelo governo federal.
Na madrugada anterior, em que foram registrados incêndio a veículos e ataques a prédios públicos, 17 detentos fugiram do Centro de Detenção Provisória (CDP) da Ribeira, na zona leste de Natal. Na noite de domingo (31), parte da mata do Morro do Careca, principal cartão-postal da capital, chegou a ser incendiada. A polícia acredita que as ações tenham sido motivadas pela instalação de bloqueadores de sinal de celular em presídios estaduais.
Em decorrência da onda de ataques, o sistema de transporte público de Natal opera com apenas 50% da frota de ônibus, segundo o sindicato das empresas do de transporte. O órgão informou ainda que só pretende voltar a circular normalmente com a chegada das tropas.
O diretor do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos do Rio Grande do Norte (Seturn), Nilson Queiroga, disse que os motoristas vão “avaliar a situação a cada hora não só para garantir a circulação das pessoas, mas para preservar a vida dos trabalhadores, dos passageiros e também o nosso patrimônio."
Até a noite de domingo, 68 pessoas foram presas por suspeita de envolvimento com os casos de violência. Durante todo o dia, a cúpula do governo estadual esteve reunida com representantes do Exército. As tropas serão deslocadas de Pernambuco e Alagoas e atuarão principalmente no patrulhamento nas ruas, em parceria com a polícia.
"Ficou definido que o papel das Forças Armadas será a ronda ostensiva para evitar os ataques – e não o enfrentamento", destacou o secretário estadual de Segurança, Ronaldo Lundgren. Dos 1,2 mil agentes que chegarão nesta terça-feira (2) a Natal, mil são do Exército e 200 integram o corpo de fuzileiros da Marinha. A previsão inicial é de que o efetivo militar seja mantido pelo menos até o próximo dia 16.
Lundgren classificou os ataques a Natal como "atos de terrorismo": "Na minha concepção, o que estamos vivendo são atos de terrorismo. Esses atos visam a aterrorizar toda a população e a acuar as autoridades. A decisão de bloquear o sinal dos celulares nos presídios é acertada e tem como meta encerrar o círculo vicioso que existe entre os presos e seus grupos criminosos”.