A Rio 2016 classificou como um ato de vandalismo o incidente em que um ônibus transportando jornalistas para o Parque Olímpico da Barra teve janelas atingidas na noite de terça-feira.
Em entrevista coletiva realizada nesta quarta, o diretor de comunicações dos Jogos, Mário Andrada, disse que o relatório da perícia policial, que está sendo finalizado, concluiu que o veículo foi alvejado por pedras na região de Curicica, nas imediações do complexo. A polícia investiga o caso.
No entanto, um dos profissionais de imprensa que estavam no ônibus, a ex-capitã da Força Aérea americana Lee Michaelson, que trabalha para um site especializado em basquete feminino, questionou a versão oficial dos fatos durante a sessão e disse que a Rio 2016 só deveria ter se pronunciado quando de posse dos relatórios finais dos peritos.
"Parece-me estranho que pedras possam ser atiradas desse jeito em um veículo trafegando em alta velocidade. Eu sei identificar um tiro. Não quero fazer sensacionalismo. Esse incidente poderia ter acontecido em outros lugares do mundo, mas não sei os organizadores dos Jogos estão lidando da maneira mais adequada com ele”, disse Michaelson, de 53 anos, cercada por câmeras e microfones ao final da entrevista coletiva.
Ela e outros passageiros disseram ter ouvido o barulho de tiros. O certo é que o ataque causou pânico entre os jornalistas e o que quer que tenha atingido o ônibus estilhaçou janelas, provocando ferimentos leves em três jornalistas. A Rio 2016 não ofereceu informações mais detalhadas sobre seu estado de saúde.
“Toda Olimpíada tem seus problemas. Claro que fiquei assustada com o que aconteceu, especialmente porque minha filha veio para os Jogos também e está usando transporte público. Não acho correto que organização fale em pedradas sem apresentar laudos, por exemplo. O ônibus não tinha kit de primeiros socorros visível e o motorista não me pareceu treinado adequadamente”, completou Michaelson, que apesar do desconforto com a situação disse que não pretende parar de trabalhar no evento.
O diretor de segurança dos Jogos, Luiz Fernando Corrêa, também participou da entrevista coletiva e afirmou que a organização pretende aumentar o patrulhamento em áreas mais sensíveis. Questionado se houve falha na proteção dos jornalistas, Corrêa disse que era impossível proteger os ônibus de forma a impedir ataques deste tipo.
“O Rio tem um ambiente urbano e densamente habitado. Não podemos fazer perímetros de segurança que excluam arremessos (de pedras). Creio estarmos diante de um ato de vandalismo sem foco”.
É o segundo incidente mais sério envolvendo diretamente a segurança dos Jogos. No sábado, uma bala perdida atingiu a tenda de imprensa da arena de hipismo do Complexo de Deodoro. Felizmente, ninguém se feriu. Segundo a Rio 2016, o projétil foi resultado de fogo celebratório ou de uma tentativa de derrubar balões, em que que o tiro teria sido direcionado para o alto, não para a arena.
Andrada disse ainda que não se arrepende de ter dito que o Rio seria a cidade mais segura do mundo durante os Jogos: "Um atleta não se arrepende de dizer que vai ganhar antes da partida".
BBC Brasil