A judoca Rafaela Silva foi homenageada nesta segunda-feira (22/8) por moradores da Cidade de Deus, favela da Zona Oeste do Rio de Janeiro onde nasceu e foi criada. Com a medalha de ouro olímpica no pescoço e segurando uma bandeira do Brasil, ela desfilou por mais de duas horas no alto de um carro do Corpo de Bombeiros e, mesmo sob chuva, foi acompanhada por centenas de pessoas, que tiravam fotos, gritavam seu nome e cantavam músicas de exaltação à comunidade e versinhos como “Rafaela é ouro na favela”. Desde a vitória dela na Olimpíada, há duas semanas, triplicou a procura por vagas para crianças em escolinhas de luta na comunidade, segundo instrutores.
Sorridente, a atleta de 24 anos passou pelas ruas onde, na infância, jogava bola e carregava botijões de gás para ajudar os pais, e fez a alegria das crianças. Moradores bateram palmas e soltaram fogos de artifício durante o trajeto. Uma carreata acompanhou o carro dos bombeiros. “Na Cidade de Deus, não temos nada, mas temos uma medalhista de ouro”, disse, entusiasmada, a confeiteira Roselaine Baptista, de 39 anos, que levou a filha de nove para acenar para Rafaela.
Pouco antes do desfile, a judoca falou a jovens do projeto, criado pelo pastor Josué Branquinho, da Igreja Maranata, que oferece aulas gratuitas de jiu-jítsu numa garagem improvisada. “É muito importante estar aqui, tirar fotos com as crianças. Já estive do outro lado. Quis estar perto de um ídolo, pegar no quimono, e não tive essa oportunidade. Gosto de estar perto das crianças. Elas me acolhem”, declarou Rafaela. “Depois de 19 anos de trabalho, tenho esse reconhecimento. Antes, eu era reconhecida uma vez por mês, agora é o tempo todo. Tenho 24 anos, e todos os títulos que um atleta pode ter.”
Correio Braziliense (DF)