Após anunciar paralisação para cobrar reajuste salarial, policiais civis de Brasília “abandonaram” nesta quarta-feira (4) a segurança nos hotéis onde estão hospedadas as seleções do Iraque, Dinamarca e África do Sul. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, eles foram substituídos por policiais militares. A segurança do hotel da Seleção Brasileira já era de responsabilidade da PM.
A paralisação deve durar 48 horas e começou nesta quinta. Com a decisão dos policiais de cruzar os braços, também foram fechados os postos montados para atender turistas. Além disso, pela primeira vez, delegados aderiram à ação junto aos agentes. Vítimas de crimes terão de esperar até sábado para registrar ocorrência ou fazer as denúncias pela internet.
Todo o efetivo da polícia civil estava empregado para o evento esportivo – 4,5 mil. A categoria pede 50% de reajuste, que, segundo o Sindicato da Polícia Civil (Sinpol), é devido por perdas inflacionárias. A categoria também pede a paridade com a carreira da Polícia Federal.
Ao G1, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Rodrigo Franco, afirmou que a categoria "está firme no propósito de paralisar todas as operações da Civil". "Nós fechamos as instalações onde estavam as delegações e tudo será paralisado. Não estamos registrando ocorrências e só voltaremos à nossa cartilha de operação da PCDF legal no próximo sábado, no término das 48 horas."
Franco explicou que a proposta apresentada e, posteriormente, retirada pelo GDF "nem deveria ter sido feita e não atende às expectativas" da polícia civil. Ela oferecia reajuste progressivo de 27%, dividido em três anos, a partir de 2017: 7% de reajuste em outubro de 2017, 10% em outubro de 2018 e 10% em outubro de 2019.
"Somente às vésperas da Olimpíada foi que o governo fez uma proposta, com datas muito distantes e um índice menor que o da Polícia Federal", disse Franco.
A Secretaria de Segurança Pública afirmou que "todas as funções da Polícia Civil foram automaticamente substituídas pela [atuação da] Polícia Militar" e que "essa alteração já estava prevista no planejamento da secretaria".
Suspensão - A Justiça do Distrito Federal proibiu a Polícia Civil de fazer paralisação durante o período da Olimpíada, atendendo a um pedido do Ministério Público. A decisão, do desembargador plantonista Sebastião Coelho, foi publicada na noite desta quarta-feira (3). O Sindicato dos Policiais Civis disse não ter sido notificado até a publicação desta reportagem. Diretor da Associação de Delegados Rafael Sampaio disse que cabe cumprir a decisão judicial.
"A gente entende que o Judiciário vem inviabilizando qualquer movimento de reivindicação da nossa carreira, mas por outro lado isso mostra a nossa importância uma vez que outras categorias estão em greve há muito mais tempo e não receberam esse tipo de reação", declarou Sampaio.
A paralisação começou às 8h desta quinta-feira (4), com previsão de duração de 48 horas. Por isso, policiais civis abandonaram a segurança nos hotéis onde estão hospedadas as seleções do Iraque, Dinamarca e África do Sul, que jogam no período da tarde no Mané Garrincha. A Seleção Brasileira é acompanhada pela Polícia Militar, que foi acionada para estender os serviços às outras delegações.
Na decisão, o desembargador Sebastião Coelho criticou a decisão de a categoria optar por parar atividades em dia de jogo. A decisão judicial prevê multa de R$ 200 mil por dia de paralisação, com a possibilidade de atingir R$ 500 mil em dias de jogo, em caso de descumprimento por parte dos sindicatos dos Policiais Civis e dos Delegados.
Pela determinação, se as categorias fizerem assembleias no perímetro de segurança do Estádio Nacional – o que inclui a praça em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo local –, os sindicatos também podem ser multados em R$ 500 mil.
A secretária de Segurança Pública, Márcia de Alencar, disse ter sido informada da decisão e afirmou que poderia contar com a ação da Justiça. Ela também declaro que já imaginava que haveria a paralisação de policiais civis nesta quinta, mas que o cenário não traz prejuízo para a segurança dos atletas.
Portal G1