Quando o ex-prestador de serviços da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) e mais tarde delator Edward Snowden se encontrou com o diretor premiado Oliver Stone para discutir um filme sobre sua vida, jamais imaginou que faria sua própria estreia no cinema.
Inicialmente Stone, vencedor de um Oscar, entrevistou Snowden para incluí-lo nos extras de um DVD, contou Snowden por videoconferência no final da quinta-feira em San Diego após a exibição de "Snowden", que tem Joseph Gordon-Levitt no papel-título e foi dirigido por Stone.
Mas Snowden e o cineasta acabaram filmando nove tomadas de uma cena na qual ele fala sobre os temores decorrentes de suas ações.
"Falei longamente só sobre valores pessoais e sobre o significado disso para mim com todas as coisas que estavam acontecendo desde 2013", contou Snowden. "Acho que ele gostou disso. As pessoas parecem reagir a isso."
O filme, que deve estrear em setembro, acompanha os eventos daquele ano que levaram Snowden a expor os programas de vigilância em massa do governo dos EUA e fugir do país depois que Washington o processou por espionagem.
Ele recebeu asilo na Rússia no final de 2013, e é ali que vive desde então com sua namorada, Lindsay Mills.
"Quando há o suficiente nos registros públicos, realmente não depende de você decidir se o filme vai ser feito ou não", disse Snowden.
A produção acompanha a descoberta de Snowden a respeito dos programas que monitoram digitalmente os cidadãos sem seu conhecimento.
O filme ficcionaliza e condensa alguns acontecimentos, como a maneira como Snowden tirou os dados da NSA – dramatizado com um Cubo Mágico – e os levou à documentarista Laura Poitras e ao então jornalista do jornal Guardian Glenn Greenwald (hoje morando no Brasil), em Hong Kong.
"Eu admiti que não tinha um plano que fosse além de me mandar de lá (Hong Kong), planejei pedir justiça ao mundo e ver o que acontecia. Foi um tanto surpreendente como acabou dando certo", afirmou.
Indagado por um membro da plateia se está feliz, Snowden respondeu: "Na verdade eu levo uma vida surpreendentemente livre", trabalhando com organizações como a União Americana pelas Liberdades Civis, para a qual Gordon-Levitt doou seu cachê de "Snowden".
"Todos os dias agora trabalho em algo de que posso me orgulhar. Amo meu país, amo as coisas que tentamos fazer", disse. "O fato de que Lindsay... está comigo há dez anos, ainda está comigo, é algo que me faz feliz todos os dias".
Agência Reuters