A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 21, a Operação Hashtag e prendeu 10 brasileiros suspeitos de compor uma célula terrorista internacional do Estado Islâmico, no País.. Ao todo foram expedidos 12 mandados de prisão temporária por 30 dias podendo ser prorrogados por mais 30.
Segundo o ministro interino da Justiça Alexandre de Morais, integrantes do grupo que defendia uso de arma de táticas de guerrilha chegaram a entrar em contato com grupo terrorista Estado Islâmico na internet e também a tentar comprar metralhadoras no Paraguai.
Informações obtidas, dentre outras, a partir das quebras de sigilo de dados e telefônicos, revelaram que os investigados defendiam a intolerância racial, de gênero e religiosa, e o uso de armas e táticas de guerrilha para alcançar seus objetivos.
As mensagens interceptadas revelaram também que o grupo chegou a comemorar o atentado em uma boate LBGT em Orlando, nos EUA.
Os artigos 3º e 5º da Lei 13.260, de 16 de março de 2016, que disciplina o terrorismo preveem como crime:
Art. 3º: "Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista" e art. 5º: Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito".
Para assegurar o êxito da Operação e eventual realização de novas fases, os nomes dos presos, sob custódia da Polícia Federal, não serão divulgados neste momento. O processo tramita em segredo de Justiça.
Juramento - Segundo o ministro interino da Justiça, Alexandre de Moraes, entre quatro e seis deles fizeram juramento ao Estado Islâmico. Ainda de acordo com o ministro, a célula não teve contato para financiamento com o Estado Islâmico.
"Num determinado momento, vários realizaram o batismo do Estado Islâmico. Até o momento, tudo o que foi investigado foi o único contato para o batismo. Não houve nenhum contato para financiamento. (…) Houve uma série de atos preparatórios. Uma hora o próprio grupo passou a entender que, em virtude das Olimpíadas, o Brasil podia se transformar em um alvo.”
Em uma das mensagens obtidas pela Polícia Federal, um dos suspeitos diz que queria procurar os locais onde o Estado Islâmico está presente, mas não tinha dinheiro para fazer a viagem.
Monitoramento - O grupo passou a ser monitorado em abril deste ano, mas os investigadores sentiram que a ameaça cresceu quando um dos investigados tentou comprar pela internet um fuzil AK 47.
O ministro não detalhou como seria o atentado, mas “pela conversa, seria a tiros.” Ainda com base nos diálogos monitorados pela polícia, alguns integrantes do grupo demonstraram interesse em aprender lutas marciais.
A Operação Hashtag foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (21), com 12 mandados de prisão, duas conduções coercitivas e 19 buscas e apreensão, nos estados de Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
O ministro não explicou como, mas a Polícia Federal monitorou as mensagens trocadas por meio de aplicativos como WhatsApp e Telegram. No início desta semana, o WhatsApp chegou a ficar fora do ar por não colaborar com investigações policiais. A empresa explica que não tem acesso ao conteúdo das mensagens enviadas porque elas são criptografadas, ou seja, elas chegam aos servidores ilegíveis e apenas o destinatário tem acesso ao que foi redigido.
Essas foram as primeiras prisões com base na lei antiterrorismo, sancionada em março.
‘Célula desorganizada’ - O ministro descreveu a célula como “absolutamente amadora, sem nenhum preparo”. “Era uma célula amadora, desorganizada; mas nenhum órgão de segurança pode ignorar fatos dessa natureza, por isso as prisões. Reitero que a segurança púbica é muito mais importante que a questão do terrorismo, mas não podemos ignorar mesmo identificando cada um. (…) A probabilidade de que haja ataque terrorista no Brasil é mínima, mas dentro da possibilidade vamos agir na maneira mais dura possível."
Com informações do Portal UOL e do Huff Post Brasil