"Acabou a mamata religiosa" - essa frase nunca foi tão dita no Itamaraty - desde que o presidente em exercício, Michel Temer, do PMDB, chegou ao poder. De acordo com informações do jornalista Lauro Jardim, do jornal 'O Globo', o órgão ligado ao governo federal decidiu por fim à uma enorme polêmica, a dos passaportes diplomáticos religiosos. Líderes de diversas igrejas tinham o direito de irem e virem para países que o Brasil tem acordo sem passarem por consulados ou pagarem taxas importantes, como se fossem pessoas melhores ou mais especiais que as demais. A decisão é vista como acertada e deixa o estado brasileiro ainda mais laico, diminuindo o poder religioso que tem na política brasileira.
Uma reportagem publicada nesta quinta-feira, 28, pelo jornal 'O Globo' dá conta que a decisão foi feita após uma consulta à Advocacia Geral da União. O Itamaraty quis saber se o benefício era legal. A Advocacia da república brasileira deixou claro que religião não representa, salvo em algumas grandes exceções, interesse nacional. Era esse o argumento até então utilizado para conceder os passaportes, que eram dados em especial para muitos pastores conhecidos, mas que também beneficiavam líderes da Igreja Católica.
"A condição de 'líder religioso', por si só, não indica 'interesse do país'", diz um trecho da polêmica decisão. Agora poderemos ver nomes como R.R. Soares, Edir Macedo e outros entrando em filas de Consulado, passando por entrevistas e tendo que comprovar o motivo de suas viagens. A reportagem diz ainda que os passaportes foram concedidos a partir do ano de 2011 .
A medida tem fator histórico, já que desde o tempo do Império esse tipo de benefício era dado, mas até então só para líderes da igreja católica. Recentemente, evangélicos conseguiram a mesma "boquinha". Existia uma norma interna que permitia que apenas dois passaportes fossem dados para cada denominação religiosa. Há 15 dias, os passaportes de R.R. Soares e sua esposa foram suspensos pela Justiça.
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