O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvagarantiu que, se aprovada no Senado, o Projeto de Lei (PL) 4330, que autoriza a terceirização em todas as atividades de uma empresa, será derrubado pela presidenta Dilma Rousseff, com quem se reuniu na segunda-feira (27). “Tranquilamente a companheira Dilma vai vetar”, disse em evento realizado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na noite de terça-feira 28.
O ato convocado em homenagem aos 35 anos da greve de 1980, quando 140 mil operários cruzaram os braços por 41 dias em negociação salarial, contou com discurso de Lula contra a precarização do trabalho. “É um retrocesso para antes do governo Getúlio Vargas, estamos voltando a 1930 tentando estabelecer uma relação de trabalho que tem um só ganhador, o patrão, e milhões de perdedores, que são os trabalhadores”, discursou o petista.
A preocupação do ex-presidente é comprovada com dados. Os funcionários terceirizados ganham em média 25% a menos que trabalhadores em regime CLT apesar de trabalharem três horas semanais a mais, segundo o estudo Terceirização e desenvolvimento, uma conta que não fecha, divulgado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) no começo de abril.
Mais otimista que o ex-presidente Lula em relação ao avanço da terceirização das atividades-fim, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, espera uma “cooperação” do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) para barrar a iniciativa, já aprovada na Câmara, no Congresso. O peemedebista já se posicionou contrário à proposta apresentada pelo deputado e empresário Senador Mabel (PMDB).
Ainda durante o evento, Lula também alertou os jovens para estudarem a conquista da democracia e dos direitos trabalhistas para não caírem nas “armadilhas” dos conservadores.
"Eles querem voltar ao passado, a um passado onde a classe trabalhadora era tratada da forma mais perversa possível. Nós, trabalhadores temos que dizer não", acrescentou sobre o PL. O ex-presidente indicou os documentários ABC da Greve, do cineasta Leon Hirszman, e Linha de Montagem, dirigido por Renato Tapajós para que sejam vistos de forma didática. Ambos contam com imagens históricas da paralisação que afrontou a ditadura militar.
Há poucos dias do Dia Mundial dos Trabalhadores, a CUT organiza atos descentralizados na cidade de São Paulo com foco na derrubada na proposta. “Será um 1º de maio massivo, nós vamos ter caminhadas em vários pontos e concentrando depois no Vale do Anhangabaú contra o projeto de terceirização”, garantiu o líder da central sindical, Vagner Freitas.
Carta Capital