O corpo do paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, que foi executado na Indonésia na terça-feira (28), será velado e sepultado em Curitiba, no Paraná. A informação foi confirmada ao G1 pela prima do paranaense – Lisiane Gularte (outra prima, Angelita Muxfeldt, que acompanhou tudo em Jacarta, está de preto na foto), na manhã desta quarta-feira (29). "Estamos devastados", disse Lisiane, que mora em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
A mãe de Gularte está sob efeito de remédios e acompanhada de familiares. Ela reside em Curitiba, mas está em sua outra residência em Matinhos, no litoral do Paraná. Ainda conforme a prima, até as 8h30, a família não tinha sido informada sobre o horário e a data da liberação do corpo. O fuzilamento ocorreu por volta de 0h25 (horário local, 14h25 em Brasília).
Além do brasileiro, foram fuzilados dois australianos, quatro nigerianos e um indonésio. Todos cometeram crimes relacionados ao tráfico de drogas.
Após a execução, o corpo de Gularte foi levado para o Hospital Saint Carolus, na capital do país, para um funeral. Uma foto do brasileiro e uma cruz com seu nome e a data de seu nascimento e de sua morte estavam ao lado do caixão.
Gularte tinha 42 anos e foi executado na prisão de Nusakambangan. Familiares e advogados tentaram convencer autoridades a rever sua pena e transferi-lo para um hospital após ele ter sido diagnosticado com esquizofrenia. Contudo, as autoridades da Indonésia decidiram pela execução.
Ele havia sido preso em 2004 no aeroporto de Jacarta com 6kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe, e condenado à morte no ano seguinte. Parentes dizem que ele foi aliciado por traficantes internacionais devido ao seu estado mental.
"Daqui irei para o céu e ficarei na porta esperando por vocês", declarou Gularte no encontro final, disse à BBC Brasil o encarregado de negócios do Brasil em Jacarta, Leonardo Carvalho Monteiro, maior autoridade brasileira na Indonésia.
Os disparos da execução foram à distância por outra prima de Gularte - Angelita Muxfeldt. Ela foi a última familiar a ver Gularte.
O aviso das execuções foi feito no sábado (25). Desde então, familiares tiveram permissão para visitar diariamente os presos. Nestes encontros, Gularte fez discursos "delirantes", expressando confiança de que não seria executado, disse o diplomata brasileiro.
Ele citou o desenho Aladdin ao rejeitar fazer seus desejos finais, disse o advogado Ricky Gunawan, que assumiu o caso em março.
O último contato com a mãe foi por telefone na segunda-feira (26), segundo Gunawan. Clarisse, de 70 anos, havia visitado o filho em fevereiro e retornou ao Brasil. Na ligação, de 20 minutos, ele conversou também com a irmã.
Gularte é o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia. Em janeiro, o carioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado, também condenado à morte por tráfico de drogas.
Portal G1