O poder de compra do salário mínimo em janeiro de 2015, fixado em R$ 788, é o maior desde agosto de 1965, informou o Banco Central nesta terça-feira (10) por meio do boletim regional.
"Não surpreende, portanto, que o rendimento médio real do trabalho venha crescendo há vários anos, em todas as regiões [do país]. (...) Especificamente na indústria, as elevações reais dos rendimentos do trabalho não têm sido acompanhadas por aumento do pessoal ocupado. Verifica-se que, de 2012 a 2014, a população ocupada na indústria diminui em todas as regiões, e o custo unitário do trabalho aumenta", acrescentou o BC.
A análise indica, ainda de acordo com a autoridade monetária, que as elevações reais dos rendimentos do trabalho em anos recentes – em especial nas faixas de menor rendimento – foram determinadas, em parte, pela valorização do salário mínimo.
Impacto na inflação
"Nesse cenário, houve aumento da participação da renda do trabalho no valor adicionado da economia, e, dada a persistência do movimento, é plausível afirmar que também houve repasse aos preços [inflação]", avaliou o Banco Central.
"Nesse cenário, houve aumento da participação da renda do trabalho no valor adicionado da economia, e, dada a persistência do movimento, é plausível afirmar que também houve repasse aos preços [inflação]", avaliou o Banco Central.
Segundo a instituição, as elevações reais (acima da inflação) dos rendimentos do trabalho não têm sido acompanhadas, na indústria, por aumento do pessoal ocupado, sugerindo que as elevações reais do salário mínimo foram responsáveis, em parte, pelo crescimento da participação dos rendimentos do trabalho no valor adicionado.
"Por fim, plausível afirmar que os aumentos de custo de mão de obra ao menos em parte foram repassados aos preços", acrescenta o BC.
46,7 milhões de trabalhadores
Segundo informações do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 46,7 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo.
Segundo informações do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), 46,7 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo.
Ainda segundo o Dieese, o mínimo de R$ 788 neste ano equivale a 2,22 cestas básicas (R$ 355 cada uma). "Na série histórica da relação entre as médias do salário mínimo anual e da cesta básica anual verifica-se que a quantidade de 2,22 cestas básicas é a maior registrada nas médias anuais desde 1979", informou o Departamento em janeiro deste ano.
Formato de correção
Atualmente, o salário mínimo é corrigido pela variação da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior e pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Com isso, o governo assegura, pelo menos, a variação da inflação. Se o PIB de dois anos antes tiver alta, também há aumento real - acima da inflação.
Atualmente, o salário mínimo é corrigido pela variação da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior e pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Com isso, o governo assegura, pelo menos, a variação da inflação. Se o PIB de dois anos antes tiver alta, também há aumento real - acima da inflação.
A fórmula vigente foi criada em 2008, no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e perde a validade em 2015. Com isso, um projeto deve ser enviado ao Congresso para estabelecer a regra para os próximos anos. O Ministério do Planejamento diz que o projeto mantendo a fórmula atual será enviado ao Congresso "ao longo deste ano".
Portal G1