O juiz federal Flávio Roberto de Souza foi flagrado pelo EXTRA, na manhã desta terça-feira, ao volante do Porsche Cayenne branco do empresário Eike Batista. O magistrado chegou com o veículo à sede da 3ª Vara Criminal Federal, no Centro do Rio, às 10h22m, e entrou por um portão lateral da sede da Justiça Federal, na Avenida Barão de Tefé. O Porsche foi um dos apreendidos pela Polícia Federal por ordem do próprio magistrado: ele determinou a apreensão de todos os bens do ex-bilionário no Brasil.
O juiz se defendeu e alegou que não havia vagas no pátio da Justiça Federal para todos os carros apreendidos de Eike. Ele disse que levou os dois veículos mais caros (o Porsche e uma Hillux) para a garagem do próprio prédio, e teria comunicado ao Detran. Nesta terça-feira, de acordo com o juiz, os carros seriam levados de volta para o pátio, onde ficariam expostos antes do leilão desta quinta-feira. Segundo o magistrado, a Hilux que o motorista da Vara Federal dirigia deu problema e teve de ser rebocada. O motorista era quem pegaria o Porsche depois para levar à Justiça Federal. Então ele, se dispôs a levar. O Porsche, no entanto, não vai a leilão nesta quinta-feira.
O juiz Flávio Roberto criticou os advogados do empresário, que tentam tirá-lo de um dos processos, garantindo que eles não vão fazê-lo sair “do sério” e afirmou: “Vou esmiuçar a alma dele”. Thor Batista, filho de Eike, disse apenas que espera que o pai seja julgado “com imparcialidade”:
- Só espero que o meu pai seja julgado com imparcialidade, de uma maneira justa.
Advogado de Eike Batista, Sérgio Bermudes chamou de indecente e ilegal o juiz usar o carro apreendido. O defensor do empresário disse que vai fazer duas representações contra o magistrado - no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no Tribunal Regional Federal (TRF).
- Por que que esse foi o único carro apreendido que não entrou na relação dos que serão leiloados? Para que ele (o juiz) fique com o carro e possa usufruir dele. A situação é trágica. Não é só ilegal, é indecente. O juiz determinou que os bens apreendidos fossem levados para o deposito judicial e que os automóveis ficassem no pátio da Justiça Federal. Tanto ele queria usar o carro, que não colocou na lista de carros que vão ser leiloados. Para que? Para ele (o juiz) ficar no bem bom, andando de Porsche - disse Bermudes. De acordo com Bermudes, o magistrado não nomeou um fiel depositário para ficar com os bens apreendidos. E explicou que, legalmente, o magistrado não poderia se nomear fiel depositário.
- Por que que esse foi o único carro apreendido que não entrou na relação dos que serão leiloados? Para que ele (o juiz) fique com o carro e possa usufruir dele. A situação é trágica. Não é só ilegal, é indecente. O juiz determinou que os bens apreendidos fossem levados para o deposito judicial e que os automóveis ficassem no pátio da Justiça Federal. Tanto ele queria usar o carro, que não colocou na lista de carros que vão ser leiloados. Para que? Para ele (o juiz) ficar no bem bom, andando de Porsche - disse Bermudes. De acordo com Bermudes, o magistrado não nomeou um fiel depositário para ficar com os bens apreendidos. E explicou que, legalmente, o magistrado não poderia se nomear fiel depositário.
Uma sindicância será aberta para apurar o caso, segundo a Justiça Federal informou em nota:
"A Corregedoria Regional da Justiça Federal da 2ª Região instaurou hoje processo de sindicância para apurar os fatos noticiados pela imprensa no dia 24 de fevereiro, acerca da conduta do juiz federal titular da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, referente ao uso de bens apreendidos do empresário Eike Batista. O procedimento foi aberto por determinação do corregedor regional em exercício, desembargador federal José Antonio Lisbôa Neiva".
Jornal Extra (Rio)