Os direitos legais da foto de Nissen estão sendo restringidos pelo governo de Vladimir Putin. A imagem faz parte de um projeto conceitual do fotógrafo, chamado Homofobia na Rússia, em resposta à ofensiva do governo, que recebeu o apoio de grupos mais conservadores e proibiu propagandas de suposto cunho gay, além de não reconhecer as relações estáveis dos casais.
Tal escolha também retrata a dificuldade em ser lésbica, gay, bissexual ou transgênero na Rússia. O governo russo aprovou, em 2013, uma lei que criminaliza a divulgação de "propaganda de relações sexuais não-tradicionais" para menores, segundo os responsáveis. Em janeiro, outra lei foi decretada supostamente para conter altos índices de acidentes de trânsito, proibindo pessoas transexuais de obter licenças de condução.
A fotografia competiu com outras imagens que mostravam protestos, morte e sofrimento em 2014, como Gaza, Ferguson e Oriente Médio, locais onde militantes do Estado Islâmico atuam fazendo decapitações de reféns.
Entre os outros vencedores, está o turco Bulent Kilic, da AFP, que concorreu na categoria de fotos jornalísticas em separado. Seu trabalho mostra uma jovem ferida pela polícia em um protesto em Istambul contra o governo, em 12 de março. A manifestação ocorreu após Berkin Elvan, de 15 anos, ser morto por forças de segurança.
Outro vencedor, na categoria de cobertura jornalística, foi o francês Jerome Sessini, da Magnum (publicado pela Time), com um ensaio de imagens que acompanhava o abatimento do voo MH-17 no Leste da Ucrânia, que matou quase 300 pessoas em 17 de julho.
Os organizadores do concurso relataram que 20% das fotos que chegaram à penúltima fase foram eliminados por excesso de manipulação.
Catraca Livre