A nova política de ensino na rede municipal do Recife e o lançamento do diário eletrônico em substituição ao de papel e de cursos à distância foram anunciados, nesta terça-feira (3), sob protestos. Um ato realizado pelo Sindicato dos Profissionais da Rede Municipal de Educação do Recife (Simpere) marcou a apresentação, no Centro de Convenções. Integrantes da entidade subiram ao palco com faixas, chegando a interromper a fala do secretário Jorge Vieira.
A política municipal de ensino datava de 2002 e, desde dezembro de 2013, vinha sendo estudada por uma comissão formada por profissionais da rede e representantes de universidades, como a Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), de Pernambuco (UPE) e Católica (Unicap). "Essa nova política inclui todos os conteúdos e objetivos de cada ano do ensino fundamental, para dar mais unidade à rede e facilitar planejamento e avaliação, além de possibilitar o compartilhamento das informações", explicou Vieira, acrescentando que a nova política, atrelada ao Diário Eletrônico, facilita a gestão da rede, uma vez que unifica conteúdo e objetivos.
A prefeitura comprou 2.500 notebooks para colocar nas salas de aula, a fim de que a chamada possa ser feita através do sistema, assim como as anotações sobre conteúdos dados. "O diário de classe online é uma ferramenta que vai facilitar muito a vida dos professores, facilitar o trabalho no dia a dia, a emissão de relatórios e acompanhamento de todas as escolas. Não havia um currículo por ano na rede. A gente vai poder melhorar monitorar", explicou o secretário.
Os gestores e vices das unidades já passaram por capacitação para mexer na nova ferramenta, que vai contar já com a nova política de ensino da rede. Segundo o secretário, uma equipe vai estar de prontidão para auxiliar os docentes no processo de adaptação ao sistema. “Precisamos do retorno dos professores para melhor adaptar o sistema. Esperamos no segundo semestre poder ter o diário eletrônico offline e também em tabletes e smartphones", afirmou o secretário-executivo de Educação, Francisco Luiz dos Santos.
A Secretaria de Educação ainda anunciou a elaboração de cursos à distância voltados para a rede, começando com o de Tecnologias em Educação, específico para gestores das unidades de ensino. Ao longo do ano, novos cursos devem ser anunciados.
Protesto
Durante a apresentação no Teatro Guararapes, parte da plateia vaiou o secretário de Educação do Recife. Passando com faixas na frente da mesa em que Vieira discursava, representantes do Simpere repetiam frases de ordem, pedindo para se manifestar.
Para a diretora do Simpere, Cláudia Ribeiro, a iniciativa não vem para facilitar o trabalho dos professores e sim burocratizar a educação. "O modelo de escola, o projeto físico e essa proposta pedagógica não é aquela que historicamente os profissionais de educação e a sociedade reivindicam, uma pedagogia autônoma, participativa, com reconhecimento salarial condizente com o tamanho da responsabilidade, melhores condições de trabalho, estrutura nas escolas, aulas de educação física, música e arte", reclamou.
Com faixas contrárias à meritocracia, o sindicato interrompeu a fala do secretário e recebeu apoio de parte dos professores que lotavam a plateia. Cláudia Ribeira destacou ainda que a nova política tira a autonomia dos professores. "É um projeto que vem de cima para baixo e nos coloca na condição apenas de executores, retirando dos professores a sua autonomia pedagógica e ainda querem nos avaliar na execução desse processo. Por isso, somos contra a meritocracia", afirmou.
Portal G1