Ryan Tenório é portador da Síndrome de Ondine, uma doença rara, que afeta uma em cada 200 mil crianças nascidas. Quando dorme, ele para de respirar. O menino, que já morou em quatro hospitais -- em Custódia, Caruaru e Recife -- e passou mais de dois anos e meio residindo no Hospital Barão de Lucena, no Cordeiro, Zona Oeste da capital, passava todas as noites de sua vida na ventilação mecânica. A família entrou na Justiça e conseguiu, em julho, obrigar o governo estadual a comprar o marcapasso diafragmático, importado dos Estados Unidos. O equipamento, no valor de quase R$ 500 mil, chegou somente no final de novembro. Ryan foi transferido para o Hospital Otávio de Freitas, em Tejipió, onde aconteceu a cirurgia. Em seguida, teve de esperar um mês pelo processo de cicatrização. Festejou o aniversário de 3 anos, em 26 de dezembro, com a expectativa de, finalmente, deixar o ambiente hospitalar que nunca lhe tirou o sorriso.
O médico Rodrigo Sardenberg chegou ao Recife na última sexta-feira (9) e ficou até segunda (12). De acordo com o especialista, o acionamento do marcapasso diafragmático foi um sucesso. "Foi surpreendente. Ryan reagiu muito bem, sucesso total. Ver a felicidade da mãe é algo que dinheiro não compra. Você não pode imaginar o que senti neste momento", afirmou ele.
Inicialmente, o marcapasso diafragmático está sendo ligado durante uma hora a cada noite. O tempo vai aumentando aos poucos, até que Ryan esteja totalmente livre da respiração artificial e dependa apenas do marcapasso, que estimula o diafragma durante o sono, quando o garoto não respira espontaneamente. O equipamento tem o tamanho de dois telefones celulares e a bateria deve ser trocada a cada mês, sempre no dia 1º. Carol Brito, 19, que engravidou de Ryan quando tinha 15 anos e foi abandonada pelo pai da criança, está sendo capacitada pela equipe médica para manusear o marcapasso diafragmático. E diz que já aprendeu a acioná-lo. "É fácil", brincou. "Nossa batalha está perto de acabar. Não vejo a hora de poder ir para casa", completou.
Enquanto isso, Ryan segue na enfermaria, para onde foi transferido na semana passada após sair da UTI. A família do menino, que é de Arcoverde, no Sertão, está tentando adquirir um imóvel no Recife, com o dinheiro arrecadado na campanha Ajude Ryan, realizada pelas redes sociais. "Ryan, mesmo quando tiver alta, vai precisar de acompanhamento, de fonoaudiologia, e no interior não tem a estrutura que existe aqui", explicou Carol.
Portal G1