O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró só prestará depoimento à Polícia Federal quando tiver acesso a todas as denúncias contra ele. A pedido da Justiça, a PF abrirá um novo inquérito contra Cerveró por ocultação patrimonial. O ex-diretor da Petrobras foi preso na madrugada desta quarta-feira ao desembarcar no Rio de Janeiro, em voo que partiu de Londres. Levado a Curitiba, ele já fez exame de corpo e delito no Instituto Médico Legal (IML) e encontra-se na carceragem da PF na capital paranaense.
A ordem de prisão do ex-diretor foi expedida pela Justiça Federal no dia 1º de janeiro, segundo revelou o advogado do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Edson Ribeiro. O advogado afirmou ainda que considerou ‘risível’ a justificativa para a detenção de seu cliente.
- É ilação do Ministério Público contra o meu cliente - afirmou Ribeiro que negou que Cerveró tenha tentado sacar o dinheiro do fundo de previdência:
- Ele fez apenas uma consulta.
- Ele fez apenas uma consulta.
A ordem de prisão do ex-diretor foi expedida pela Justiça Federal no dia 1º de janeiro, segundo revelou o advogado do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Edson Ribeiro. O advogado afirmou ainda que considerou ‘risível’ a justificativa para a detenção de seu cliente.
Segundo o MPF, a prisão preventiva foi requerida porque há fortes indícios de que Cerveró continua a praticar crimes, como a ocultação de bens e proveito do crime no exterior, além da transferência de dinheiro e imóveis para familiares. O MPF diz que há evidências de que ele tenta frustrar penalidades futuras. A prisão e buscas em apartamentos de Cerveró foram autorizadas pela Justiça.
De acordo com informações fornecidas pelo COAF logo após o recebimento da denúncia e durante o recesso forense, o ex-diretor tentou transferir para sua filha meio milhão de reais - mesmo considerando que com tal operação haveria uma perda de mais de 20% da aplicação financeira. Cerveró também transferiu recentemente três apartamentos adquiridos com recursos de origem duvidosa, em valores nitidamente subfaturados: há evidências de que os imóveis possuem valor de mais de R$ 7 milhões, sendo que a operação foi declarada por apenas R$ 560 mil.
O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula afirma que a partir do fim de dezembro a PF passou a receber informações online sobre as movimentações financeiras de Cerveró, que foram observadas como fora do padrão e indicavam que o dinheiro em espécie poderia ser usado numa fuga ou em operações destinadas a "blindar o patrimônio", que tem "origem ilícita, de negócios na diretoria da Petrobras".
Para o MPF, a prisão é necessária também para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em circunstâncias e provas concretas do caso.
Para o MPF, a prisão é necessária também para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em circunstâncias e provas concretas do caso.
Cerveró foi preso à 0h30m no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Após ser retirado de dentro de uma aeronave, antes mesmo de desembarcar, ele foi encaminhado para uma sala da PF no aeroporto e, logo depois, encaminhado para a delegacia da PF de Curitiba, onde estão presos os outros investigados na Operação Lava Jato.
Segundo o advogado Edson Ribeiro, Cerveró tentou de fato transferir R$ 500 mil para sua filha, que sofre de uma doença, e o dinheiro poderia ser necessário para alguma emergência enquanto estivesse fora do pais. Mas não o fez, disse o advogado. Sobre a outra justificativa para a ordem de prisão de Cerveró - transferência de imóveis para familiares - , o advogado diz não acreditar que o magistrado responsável pelo processo tenha considerado isso um crime.
- Me recuso a acreditar que um juiz tenha considerado isso crime. Não existem elementos para essa prisão. Doutor Sergio Moro jamais faria isso. Foi um juiz de plantão - disse o advogado, que acrescentou:
- Se isso fosse crime, tranferir bens antes de qualquer denúncia, então por que não mandaram prender a presidente da Petrobras, Graça Foster, que também transferiu imóveis para familiares? Isso não é crime.
O advogado afima que nem ele, nem Cerveró, tinham conhecimento sobre o fato de que a ordem de prisão já estava expedida desde o início de janeiro. Ribeiro afirmou ainda que seu cliente não era um foragido, e que informou à Justiça que Cerveró viajaria para a Inglaterra.
- Meu cliente estava em Cambridge, voltou e prestaria depoimento na quinta ao MP do Rio sobre vazamento de informações sobre Pasadena e seria citado, em casa, na sexta-feira, sobre a denúncia que corre no Paraná. Ele sempre colaborou com a Justiça
Cerveró também transferiu recentemente, conforme noticiou o GLOBO, três apartamentos adquiridos com recursos de origem duvidosa, em valores nitidamente subfaturados: há evidências de que os imóveis possuem valor de mais de R$ 7 milhões, sendo que a operação foi declarada por apenas R$ 560 mil. A operação de transferência também foi apontada pelos procuradores no pedido de prisão.
Cerveró voltava ao Brasil num voo que vinha de Londres, onde fora passar o Natal e o réveillon com a família da mulher. Segundo o advogado Edson Ribeiro, o MPF e a PF foram avisados e a viagem foi monitorada todo o tempo.
O ex-diretor da estatal é reu em um dos processos em curso na Justiça Federal de Curitiba e responde por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. São réus no mesmo processo o consultor Júlio Gerin de Almeida Camargo, o doleiro Alberto Youssef e o lobista Fernando Antonio Falcão Soares. Tanto Camargo quanto Youssef assinaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal - ambos já homologados pela Justiça.
O endereço de Cerveró, que consta na denúncia do MPF, é o da Rua Nascimento e Silva, onde o oficial de Justiça não conseguiu localizá-lo. O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, marcou audiência do processo para o dia 11 de fevereiro, quando serão ouvidas duas testemunhas de acusação - Carlos Alberto Pereira da Costa, que atuava para o doleiro Youssef, e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
Ao aceitar a denúncia, o juiz ressaltou que o MPF reuniu um número significativo de documentos que amparam as denúncias, "especialmente o envolvimento direto de Nestor Cerveró nas contratações dos navios-sondas e as dezenas de transações financeiras relatadas pelo criminoso colaborador e que representariam atos de pagamento de propinas e de lavagem de dinheiro".
Jornal O Globo