Ele foi o segundo dos cinco condenados a morrer. O brasileiro foi morto em uma área descampada do complexo de prisões de Nusakambangan, em Cilacap, a 400 km da capital Jacarta. Ainda foram mortos um holandês, um nigeriano, uma indonésia e um cidadão do Maláui. Em outra prisão, uma vietnamita foi fuzilada. Todos foram condenados por tráfico de drogas.
Dez minutos após o disparo, Marco foi declarado morto, segundo informou o porta-voz da Procuradoria Geral da Indonésia Tony Spontana. A funcionária do Itamaraty Ana Carmen Caldas, estava na ilha de Nusakambangan, mas não presenciou a execução. Ela declarou ter ouvido um “estrondo” e mais tarde reconhecido o corpo de Marco.
Familiares do instrutor providenciaram a cremação e o envio das cinzas para o Brasil. Segundo a tia materna do brasileiro, a advogada Maria de Lourdes Archer, Marco estava “sereno”. Ela foi a última a estar com ele antes da execução e relatou como foi o encontro. "Ele me abraçava e chorava. O que me conforta foi que cheguei (à Indonésia) a tempo de vê-lo", disse.
Convocação dos Embaixadores - O Brasil e a Holanda convocaram seus embaixadores na Indonésia após a nação do sudeste asiático ignorar seus apelos de clemência e ter executado seis presos por delitos ligados a drogas, as primeiras execuções sob o comando do presidente Joko Widodo.
Os cinco estrangeiros e um indonésio foram mortos por um pelotão de fuzilamento pouco depois da meia-noite, disse o gabinete do Procurador Geral. Os estrangeiros eram da Nigéria, Malauí, Vietnã, Holanda e Brasil.
O Brasil retirou seu embaixador em Jacarta para consultas e disse que as execuções afetariam as relações bilaterais.
– O recurso à pena de morte, que a sociedade mundial crescentemente condena, afeta gravemente as relações entre nossos países – disse o Palácio do Planalto em nota.
O brasileiro Marco Archer, de 53 anos, foi condenado por ter tentado entrar na Indonésia em 2003 com 13 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos de uma asa delta.
A Holanda, antiga potência colonial na Indonésia, também retirou seu embaixador e condenou a execução de seu cidadão Ang Kiem Soei.
– É um castigo cruel e desumano que equivale a uma negação inaceitável da dignidade humana e integridade – disse o ministro das Relações Exteriores holandês, Bert Koenders.
Antes da execução, o advogado de Soei publicou no Twitter que Soei estava agradecido pelos esforços do governo holandês e que ele estaria diante do pelotão de fuzilamento sem uma venda nos olhos.
O presidente da Indonésia, que assinou as execuções no mês passado, tem tomado uma posição dura sobre a aplicação da lei e prometeu não ter nenhuma clemência com infratores da legislação antidrogas.
A Indonésia retomou as execuções em 2013 depois de um hiato de cinco anos.
– Este é um país que, apenas alguns anos atrás, tinha tomado medidas positivas para afastar-se da pena de morte, mas as autoridades estão agora dirigindo o país na direção oposta – disse Rupert Abbott, diretor de pesquisa do sudeste asiático para a Anistia Internacional.
Com informações do Portal Terra e do Correio do Brasil