A polícia chinesa está investigando o sumiço de mais de cem noivas vietnamitas vendidas para homens de Quzhou (pronuncia-se Tchudjou), na província de Hebei.
O jornal "China Daily" conta a história de Yuan Xinqiang, 22, que pagou 105 mil yuans (R$ 44 mil) por uma noiva, mas ficou na saudade. A prometida voltou ao Vietnã em novembro, para cuidar do visto de residência na China, e não deu mais notícia.
A transação foi intermediada pela vietnamita Wu Meiyu, casada com um morador de Quzhou, onde vivia havia 20 anos. Wu também sumiu.
O preço das moças era negociado caso a caso. Quanto mais jovem, mais cara.
"Wu estava na cidade havia muito tempo e tem um neto de seis anos. Não esperava que fosse me enganar", disse Yuan, que se apegou à noiva. "Era silenciosa e gentil". Ding, um outro camponês, também procura sua noiva, pela qual pagou cerca de R$ 48 mil.
Uma autoridade local diz que as moças podem ter sido levadas por uma quadrilha.
Segundo ele, comprá-las tornou-se tradição entre os camponeses da região. As vietnamitas são uma opção mais em conta que uma chinesa, que custa o dobro.
As somas citadas, principalmente no campo, são pequenas fortunas para os padrões chineses e equivalem a dois anos de trabalho. O salário médio no país é de 1.600 yuans por mês (R$ 680).
A falta de mulheres é um problema sério na China. O último censo mostrou que para 100 meninas nascem 118 meninos. E o desequilíbrio causado pela política de filho único e pelo aborto de meninas criou um excedente na população masculina.
O governo chinês diz que muitas agências de casamento em países vizinhos promovem o tráfico humano, já que a maioria das meninas é vítima de sequestro. E muitas são enganadas com promessas falsas e acabam sendo forçadas a se prostituírem.
Folha de São Paulo