A abordagem vem da metodologia de educação contextualizada, que considera a formação a partir da realidade em que as pessoas estão inseridas, com valorização às diferenças individuais, aos conhecimentos natos e ao planejamento de conteúdos orientados pelas necessidades dos educandos. A aprendizagem se molda também a partir de uma conduta inclusiva e participativa que considera os educadores, asfamílias e a comunidade.
Além da valorização dos conhecimentos locais existentes, estão implícitos o respeito às diferenças étnicas, sociais e culturais, a defesa de um currículo adaptado ao ciclo agrícola regional, o planejamento flexível, a união entre a teoria e a prática e a participação coletiva de todos os envolvidos.
Essa diretiva parte do reconhecimento de que a educação não acontece só na escola, mas também a partir dos contextos informais, com a socialização dos indivíduos; formais, como proposto pelas escolas; e não-formais, constituídos a partir da participação deles em organizações sociais ou movimentos. A educação contextualizada reconhece esses outros saberes e entende que considerá-los em meio ao processo de aprendizagem é uma forma de valorizar a vida da população sertaneja e potencializar as atividades por eles desenvolvidas, como uma bagagem sócio-cultural.
O modelo surgiu na escola em meados de 2004, com a chegada da professora Izabel de Jesus Oliveira. A docente já tinha vivenciado a experiência, inicialmente como aluna e depois como professora, na Escola Rural de Ouricuri, na década de 90. A escola, em que estudou e lecionou a docente, nasceu de um desejo da comunidade local de orientar as crianças para o mercado de trabalho, mas teve seu plano pedagógico reorientado a partir da percepção de que a educação deveria considerar o contexto local, com o qual as crianças e seus familiares conviviam diariamente, inclusive na relação com o trabalho.
E foi essa vivência que a docente levou para a comunidade de Agrovila Nova Esperança. Inicialmente como voluntária, realizando atividades complementares com os alunos para além daquelas orientadas em sala de aula, Izabel percebeu um déficit de aprendizagem relacionado à escrita e leitura, habilidades fundamentais para o pleno desenvolvimento daqueles alunos. Esse diagnóstico possibilitou a criação de projetos multidisciplinares, porta de entrada também para os saberes locais na comunidade escolar.
Aprendizagens em diálogo
Na sala de aula, que reúne em uma proposta multisseriada 12 crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, as aprendizagens nunca acontecem dissociadas do interesse dos estudantes e da relevância que têm para a comunidade. A iniciativa valoriza as próprias atividades exercidas no contexto local, em diálogo com os conteúdos acadêmicos, trazendo às aulas de português, ciências e matemática, discussões como cultivo de pomar, apicultura, uso de sementes e hortaliças, preservação do meio ambiente e da água e descarte de lixo.
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