O Mapa da Fome 2013, apresentado na manhã
desta terça-feira (16), em Roma, pela Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), mostra que o Brasil
conseguiu reduzir a pobreza extrema - classificada com o número de pessoas que
vivem com menos de US$ 1 ao dia - em 75% entre 2001 e 2012.
No mesmo período, a pobreza foi reduzida em 65%.
Apresentado como um dos casos mundiais de sucesso na redução da fome, o Brasil,
no entanto, ainda tem mais de 16 milhões de pessoas vivendo na pobreza: 8,4% da
população brasileira vive com menos de US$ 2 por dia.
O relatório da FAO mostra que o Brasil
segue sendo um dos países com maior progresso no combate à fome e cita a
criação do programa Fome Zero, em 2003, como uma das razões para o progresso do
país nessa área. Não por acaso, foi criado pelo então ministro do governo Lula,
José Graziano, hoje diretor-geral da FAO.
De acordo com o documento, a prioridade
dada pelo governo Lula ao combate à fome - citando a fala do ex-presidente de
que esperava fazer com que todos os brasileiros fizessem três refeições por dia
- no Fome Zero é a responsável pelos avanços.
Inicialmente concebido dentro do
Ministério de Segurança Alimentar, o programa era um conjunto de ações nessa
área que tinha como estrela um cartão alimentação, que permitia aos usuários
apenas a compra de comida. Logo substituído pelo Bolsa Família, o Fome Zero foi
transformado em um slogan de marketing englobando todas as ações do governo
nessa área.
"O resultado desses esforços são demonstrados
pelo sucesso do Brasil em alcançar as metas estabelecidas
internacionalmente", diz o relatório, ressaltando que o Brasil investiu
aproximadamente US$ 35 bilhões em ações de redução da pobreza em 2013.
A América Latina é a região onde houve maior
avanço na redução da pobreza e da fome entre 1990 e 1992, especialmente na
América do Sul, com os países do Caribe ainda um pouco mais lentos. O relatório
mostra que o número de pessoas subnutridas na região passou de 14,4% da
população para cerca de 5%. Além do Brasil, a Bolívia é citada como exemplo.
Apesar de ainda ter quase 20% da população abaixo da linha da pobreza, saiu de
um porcentual próximo a 40%.
No mundo todo, 805 milhões de pessoas
ainda passam fome. São 100 milhões a menos do que há uma década, e 200 milhões
a menos do que há 20 anos, mas ainda muito abaixo da velocidade que permitiria
ao mundo cumprir a primeira meta dos objetivos do milênio, de reduzir a pobreza
extrema à metade até 2015. Atualmente, apenas 63 países cumpriram a meta. Outros
15 estão no caminho e devem alcançá-la.
O relatório completo está disponível nosite da FAO.
Estadão