O ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio, de 83 anos, morreu na tarde desta terça-feira em São Paulo. Ele estava internado desde maio no hospital Sírio-Libanês para o tratamento de um câncer ósseo.
Segundo o filho mais velho do deputado, Francisco de Azevedo Arruda Sampaio, a causa da morte foi falência múltipla dos órgãos, em decorrência de uma pneumonia, às 15h25. Hospitalizado há mais de um mês, o jurista e ex-deputado havia dado sinais de melhora há cerca de dez dias, deixando a UTI do Hospital Sírio Libanês e sendo transferido para a unidade de tratamento semi-intensivo. Plínio fazia tratamento contra um câncer ósseo recém-descoberto.
Até seus últimos dias, o socialista Plínio de Arruda Sampaio brigou com o cansaço e com os prognósticos. Aos 83 anos, depois de um mês no hospital devido a um câncer ósseo e já bastante debilitado, Plínio cobrou do filho Francisco: queria o livro “A people’s History of the World”, do qual fazia a tradução para o português. Queria trabalhar. Quando decidiu disputar a Presidência pelo PSOL em 2010, sabia que ficaria na lanterna, mas concorreu. Disse que o importante era defender os princípios, entre eles a “reforma agrária radical”.
Vida - Formado em Direito pela USP (Universidade de São Paulo), Plínio foi promotor público no início da carreira profissional e professor na Fundação Getúlio Vargas. Desde 2012, atuou como presidente de honra da Associação Brasileira de Reforma Agrária (ABRA), ONG fundada na década de 1960 dedicada à causa no País.
Sua entrada na política se deu antes de completar 30 anos, em 1959, quando trabalhou como coordenador do Plano de Ação do governo de São Paulo antes de ser eleito pela primeira vez deputado federal, em 1962, pelo Partido Democrata Cristão (PDC). Dois anos depois, foi um dos primeiros a ter seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional Nº 1 do então recém-instaurado Regime Militar no Brasil.
Exilou-se no Chile e nos EUA - onde fez mestrado em Economia Agrícola na Universidade Cornell - antes de retornar ao País em 1976, quando passou a protagonizar a luta contra a ditadura e em prol da anistia aos condenados políticos pelo regime.
Na mesma época, ingressou no MDB (Movimento Democrático Brasileiro), formado por opositores do regime militar, no qual permaneceu por dois anos antes de se juntar a Luís Inácio Lula da Silva para fundar o PT (Partido dos Trabalhadores). Foi ativo durante o movimento Diretas Já, pelo fim da ditadura, e, em 1986, voltou a ser eleito deputado federal por São Paulo. Em abril deste ano, recebeu homenagem simbólica na Câmara dos Deputados pela cassação de seu mandato 50 anos atrás.
Insatisfeito com os rumos do partido, em 2005, Plínio deixou o PT para se juntar ao PSOL, pelo qual foi candidato a governador no ano seguinte e à presidência da República nas eleições de 2010.
Nos últimos anos, Plínio escreveu livros como Desafios da Luta pelo Socialismo, lançado em 2002, e "Capitalismo em Crise", de 2009. É também dele o prefácio do livro "Por que Ocupamos?", escrito por Guilherme Boulos, coordenador e principal figura do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MTST).
Plínio deixa a mulher, Marieta, e seis filhos.
Jornal O Globo & Portal IG