A Igreja Anglicana aprovou por meio de uma votação que mulheres sejam ordenadas bispas pela primeira vez em sua história.
A nova lei exigia uma maioria de dois terços dos votos nas três câmaras da Igreja - dos bispos, clérigos e leigos - para ser implementada.
A legislação já havia sido votada há dois anos, mas enfrentou forte oposição de alas mais tradicionais da Igreja Anglicana e acabou não sendo aprovada por seis votos.
Antes de anunciar o novo resultado, o arcebispo de York, John Sentamu, pediu que ele fosse recebido com "comedimento e sensibilidade", o que não impediu que gritos de alegria fossem ouvidos ao fim.
"Por séculos, gerações de mulheres serviram ao Senhor com sua fé. Hoje, é um dia de alegria: o episcopado está aberto a elas", disse Sentamu.
Tradição secular
A votação mudou uma tradição secular da Igreja Anglicana, que há tempos estava dividida em relação ao tema.
Há 20 anos, as mulheres passaram a ser ordenadas sacerdotisas. Hoje, mais de 20% dos sacerdotes anglicanos são mulheres.
A nova mudança veio depois de cinco horas de debates durante o sínodo geral anglicano - assembléia formada por sacerdotes e leigos.
Segundo Robert Piggot, correspondente de religião da BBC News, a nova lei acaba com uma tradição herdada dos primeiros cristão há quase 2 mil anos de ter apenas bispos homens.
"Desde os dias de Jesus e seus 12 apóstolos, a Igreja tem apenas líderes homens", afirma Piggot.
"Com essa decisão, a Igreja reconhece a importância da igualdade em nossa sociedade, sinalizando que quer dar fim a seu isolamento em relação às pessoas as quais ela serve."
'Dia histórico'
A reverenda June Osborne considerou o dia de hoje "histórico".
"Isso mudará não apenas a Igreja, mas também nossa sociedade porque é um passo rumo à aceitação de que mulheres têm a mesma autoridade espiritual e de liderança", disse ela à BBC.
BBC Brasil