Mike Cutler tem 63 anos e, em 2009, após um desmaio em seu local de trabalho, foi diagnosticado com a doença, recebendo um transplante em novembro daquele ano.
Três anos depois, a doença atacou novamente, no novo órgão que haviam lhe dado. Desesperado para sobreviver, ele começou a procurar na internet muitas formas alternativas de cura. Após ver um vídeo no YouTube, que descrevia o uso do óleo de maconha como uma forma de curar o câncer, ele resolveu experimentar. Três dias após tomar a droga, sua terrível dor desapareceu. Em sua última biópsia, realizada em maio deste ano, no Royal Free Hospital, em Londres, foi constatado o desaparecimento das células cancerosas de seu organismo.
Um porta-voz do hospital confirmou que o Sr. Cutler não havia recebido qualquer tratamento contra o câncer desde seu transplante, em novembro de 2009.
O pedreiro aposentado, que reside em Hastings, disse que o medo de morrer foi o principal motivo para a busca de alternativas no tratamento. “Tudo que eu tinha naqueles dias negros era meu laptop. Foi aí que comecei a procurar alguma coisa que pudesse me ajudar. Eu não podia aceitar que ia morrer”, explicou Cutler.
"Quando descobri que estava curado, fiquei chocado. Eu sou um homem de família normal, não um drogado. Eu tinha uma doença grave e foi justamente isso que me ajudou”, relatou. Depois de comprar a droga através de um revendedor, ele começou a montar suas próprias cápsulas a partir do óleo, tomando uma por dia. Quando seus sintomas desapareceram depois de três dias, ele passou a cultivar a própria planta de Cannabis sativa em casa, para manter um suprimento constante de medicação.
Sr. Cutler foi um dos palestrantes em evento recente que discutia o uso medicinal da maconha, juntamente com o professor David Nutt e a Membro do Parlamento Britânico Caroline Lucas, no Centro Comunitário de Brighton.
Atualmente, Cutler está envolvido em campanhas para mudanças na lei, com o objetivo de permitir que o óleo e outras formas medicinais de maconha sejam legalizadas para tratamentos.
Uma pesquisa publicada na semana passada por cientistas da Universidade de East Anglia, revelou que o principal ingrediente psicoativo encontrado naCannabis, o tetrahidrocanabinol (ou THC), ajuda a combater o crescimento de células cancerosas.
De acordo com o Dr. Kat Arney, gerente de comunicações científicas do Cancer Research UK, os experimentos ajudam na compreensão de como os canabinóides afetam as células cancerosas em um nível molecular. "Isso poderia levar a tratamentos mais eficazes contra o câncer no futuro, mas ainda não há dados suficientes que comprovem que a planta ou canabinóides podem ser efetivos no tratamento, de forma totalmente segura”, explica.
De acordo com dados da mesma instituição, os canabinóides ajudam a controlar o cérebro e sua atividade nervosa, o metabolismo energético, a função do coração, o sistema imunológico e até mesmo fatores da reprodução. Em função dessas descobertas, uma série de instituições têm intensificado suas pesquisas sobre o uso da maconha como uma droga medicinal.
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