Em reunião com presidentes dos nove partidos que integram a aliança pela reeleição da presidente Dilma, na terça-feira à noite, no Palácio do Alvorada, foi definida a criação de um comitê evangélico. Ele será organizado pelos presidentes do PRB, Marcos Pereira, do PSD, Gilberto Kassab, e do PROS, Eurípedes Júnior.
A decisão foi tomada após Pereira reclamar com Dilma e com os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) da falta de interlocução do governo com os pastores evangélicos. Ele relatou que há muita resistência dos fiéis à reeleição de Dilma por causa da defesa pelo PT e pelo governo de temas desprezados pelo segmento, citando o aborto. A presidente disse ao dirigente que sua gestão não mudou nenhuma lei com relação ao tema e que isso deve ser esclarecido aos fiéis. Ficou acertado que ela se reunirá com pastores, além da criação do comitê.
Os presidentes dos partidos reclamaram de estarem alijados das decisões da campanha.
- Somos tratados como os primos pobres - disse o presidente do PDT, Carlos Lupi.
A partir das reclamações, foram definidas algumas formas de participação dos aliados na campanha. Dilma propôs reuniões semanais até o começo da propaganda eleitoral no rádio, que se inicia dia 19 de agosto. Depois desta data, elas passarão a ser quinzenais. Na próxima terça-feira, o grupo se reunirá com o marqueteiro João Santana, responsável pela propaganda, para saberem as linhas gerais da publicidade e, segundo disse Dilma na reunião desta terça-feira, opinarem.
Cada partido terá um representante em cada área da campanha, como logística e mobilização. Também designarão partidários para, com o PT, fazer ampliações no programa de governo.
Antes de ouvir os dirigentes, Dilma abriu a reunião falando que seu governo “está perdendo a batalha da mídia”, mas que apesar de todas as críticas, afirmou que sua gestão está boa. Usando a expressão “apesar de” ao falar da economia, da Copa do Mundo, do programa Mais Médicos.
- Apesar das críticas, o Mais Médicos é um sucesso, está funcionando. Apesar de dizerem que o país iria quebrar, ele está em boas condições. A Copa foi um sucesso contra tudo e contra todos - avaliou a presidente.
O presidente do PP, Ciro Nogueira, criticou a falta de diálogo com os empresários e com a sociedade.
- Temos que buscar mais interlocutores na sociedade, não só entre os empresários. Tem gente no agronegócio, por exemplo, que defende a presidente. A presidente não tem a mesma disponibilidade que os candidatos de oposição, mas o conselho político da campanha, nós, os presidentes de partidos aliados, temos que nos desdobrar - afirmou Nogueira.
Dirigente do PR, o deputado Luciano Castro (RR) seguiu ponderando que o governo não se comunica bem e que a estratégia deveria ser mudada. Dilma concordou com as reclamações.
- Sinto essa dificuldade - afirmou ela, ponderando que durante a campanha terá condições de reverter o quadro com a melhor divulgação das ações do governo.
Na reunião no Alvorada, os aliados reclamaram que Dilma passa a imagem de ser candidata do PT, e não de uma coligação. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, sugeriu que Dilma melhore a imagem:
- A senhora tem que ser menos presidenta e mais candidata. Não pode parecer cansada, com olheiras. A senhora está com o aspecto muito cansado - avaliou, ao que Lupi emendou:
- Tem que sorrir, presidenta. Tristeza não paga dívida - brincou. Dilma reagiu às considerações com bom humor.
- É uma vivadice sua, Kassab, bem colocado. É verdade, Lupinho, tristeza não paga dívida - respondeu.
Participaram da reunião do conselho político Dilma, Mercadante, Berzoini, Michel Temer (PMDB), Gilberto Kassab (PSD), Marcos Pereira (PRB), Carlos Lupi (PDT), Rui Falcão (PT), Ciro Nogueira (PP), Luciano Castro (PR), Eurípedes Júnior (Pros) e Renato Rabelo (PCdoB).
Jornal O Globo