Entre os detidos, levados para a Central de Plantões da Capital, estão o argentino intercambista, estudante de economia da UFPE, Milton Petrucsok, 22 anos, o peruano Lybrian Shiozawa Gill, 26, e um adolescente. Ainda de acordo com a polícia, a ação deveria começar às 5h30, mas, devido à resistência dos ocupantes, começou às 6h20. Foram empregadas bombas de efeito moral, balas de borracha e spray de pimenta. O acesso ao cais está fechado, e manifestantes recolheram seus pertences.
De acordo com a advogada do centro popular de Direitos Urbanos, Carla Guarsche, os manifestantes não foram avisados de que seriam retirados hoje: "Não houve qualquer diálogo no sentido de minimizar os danos dessa reintegração, o que aconteceu foi que o movimento foi surpreendido por um número muito maior de policiais do que de ativistas e em razão disso não houve discussão e a polícia atuou com o choque, foi uma forma de retirada de forma totalmente arbitrária".
O ativista Fernando Perez, 41 anos, disse que, ao chegar, a polícia deu apenas cinco minutos para a saída. "Não aceitamos, porque queríamos a presença de um advogado", disse. De acordo com ele, após já haver saído, foi tentar argumentar contra a prisão de outro manifestante e acabou sendo ferido próximo ao olho: "Ele não tinha feito nada", afirmou.
A ocupante Ivana Driele, há 26 dias no Estelita, disse que a polícia não apresentou nenhum documento para tirá-los do local: "Não deu tempo de fazer nada, eu me senti lesada pois a gente tinha um acordo com o Ministério Público de Pernambuco para que, caso houvesse uma reintegração de posse, os manifestantes fossem notificados com antecedência para que pudessem sair."
No dia 21 de maio, os galpões do local, no bairro de São José, começaram a ser demolidos. Por meio das redes sociais, o grupo, que se auto denomina "Ocupe Estelita", se reuniu para acampar no cais, onde realizavam discussões e manifestações artísticas.
Os manifestantes são contra o projeto das construtoras Moura Dubeux, Queiroz Galvão, GL Empreendimentos e Ara Empreendimentos, que prevê a construção de 12 torres de 40 andares no local. Eles acreditam que o terreno poderia ser utilizado para construir algo que "todos pudessem utilizar".
No dia 22 de maio, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) embargou a obra com o objetivo de proteger o patrimônio arqueológico. No dia 3 de junho, a Prefeitura do Recife (PCR), suspendeu o alvará de demolição.
Portal NE10