terça-feira, 13 de maio de 2014

ONU adverte: bebida mata mais do que a Aids

O álcool mata a cada ano 3,3 milhões de pessoas (uma em cada 20 mortes), mais do que a Aids, a tuberculose e a violência juntos, advertiu nesta segunda-feira a ONU, que teme um agravamento da situação.

Mais de 200 doenças estão ligadas ao consumo de álcool, de acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma agência da ONU.
Em 2012, o uso nocivo do álcool matou 3,3 milhões de pessoas em todo o mundo, contra 2,5 milhões em 2005, segundo a OMS, que lamenta a falta de ação por parte das autoridades durante este período.
"Dado o crescimento da população no mundo e o aumento esperado do consumo de álcool, o fardo das doenças atribuídas ao álcool pode aumentar, caso novas políticas de prevenção não sejam implementadas", alertou o diretor-geral adjunto do grupo de Doenças Não Transmissíveis da OMS, Oleg Chestnov.
Quase 5,9% das mortes no mundo (7,6% entre os homens e 4% entre as mulheres) causadas por doenças infecciosas, acidentes de trânsito, ferimentos, homicídios, doenças cardiovasculares e diabetes, entre outras, têm alguma relação com o consumo de álcool.
E a situação deve piorar à medida que países densamente povoados tenham uma melhora em seus padrões de vida.
Ainda que os países ricos (Américas e Europa) continuem a ser, atualmente, os maiores consumidores de álcool, o consumo aumentou vertiginosamente nos últimos anos na Índia e na China, enquanto permanece estável nas Américas, Europa e África.
A OMS espera que o consumo anual de álcool na China aumente em 1,5 litro por pessoa.
De acordo com o relatório, em 2010, os maiores consumidores de álcool foram a Rússia, os países do leste europeu, Portugal, seguido pela maioria dos países da União Europeia, Canadá, Austrália e África do Sul.
Em 2012, o consumo global era equivalente a 6,2 litros de álcool puro por pessoa com idade superior a 15 anos. No total, 25% do consumo escapa do controle das autoridades, mas esta taxa é muito superior em países onde o álcool é proibido ou desaprovado pela sociedade, como nos países do leste do Mediterrâneo ou no sudeste da Ásia.
Metade do consumo oficial de álcool no mundo se dá na forma de destilados, seguido pela cerveja (34,8%) e vinho (8%).
Segundo a OMS, 48% da população mundial nunca bebeu álcool e a abstinência é mais comum em mulheres do que em homens.
Além disso, 11,7% das pessoas com idade entre 15 e 19 anos têm bebedeiras esporádicas, contra 7,5% para o resto da população. No entanto, esta tendência é invertida nos países do sudeste asiático.

Brasil - O abuso no consumo de álcool no Brasil supera a média mundial e apresenta taxas superiores a dezenas de países. Os dados são da Organização Mundial da Saúde que, em um informe publicado nesta segunda-feira, 12, alerta que 3,3 milhões de mortes no mundo em 2012 foram causados pelo uso excessivo do álcool, 5,9% de todas as mortes. Segundo a entidade, não apenas a bebida pode gerar dependência, mas também poderia levar ao desenvolvimento de outras 200 doenças.
Entre os 194 países avaliados, a OMS chegou a conclusão de que o consumo médio mundial para pessoas acima de 15 anos é de 6,2 litros por ano. No caso do Brasil, os dados apontam que o consumo médio é de 8,7 litros por pessoa por ano. Esse volume caiu entre 2003 e 2010. Há dez anos, a taxa era de 9,8 litros por pessoa.
Mas as projeções até 2025 mostram que o consumo voltará a aumentar, ultrapassando a marca de 10,1 litros por ano por pessoa. Em 1985, o consumo não chegava a 4 litros por pessoa por ano.
No caso brasileiro, a diferença entre o consumo masculino e feminino é profundo. Entre os homens, a taxa chega a mais de 13 litros por ano. Para as mulheres, ela é de apenas 4 litros. 60% do consumo é de cerveja. Apenas 4% do consumo é representado pelo vinho.
Mas o que mais preocupa a OMS são os casos de abusos no consumo. No mundo, a média é de 7,5% da população que experimentou em algum ponto do ano um caso de um consumo excessivo de álcool. No Brasil, porém, a taxa é de 12,5%. Num ranking de números de anos perdidos de vida saudável, Brasil está entre os líderes.
Em todo o mundo, a Europa é a região onde os índices de consumo são os mais elevados per capta, com diversos países apresentando taxas acima de 10 litros por ano.

Agência France Press