segunda-feira, 19 de maio de 2014

Crônica: Mire-se no exemplo das mães de Abreu e Lima

O jornalista Xico Sá escreveu um artigo para a Folha de São Paulo, sobre a devolução dos eletrodomésticos depois da onda de saques ocorrida em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife.

Mire-se no exemplo das mães de Abreu e Lima


É preciso, no meio da bandalheira e dos arrastões, louvar as mães de Abreu e Lima.
As mães que deram início ao movimento de devolução das mercadorias saqueadas durante a greve/ motim da PM de Pernambuco na semana passada.

A delegacia da cidade mais parece Casas Bahia. A todo instante chegam geladeiras, máquinas de lavar, tablets… e outras mercadorias fetiches.
Vi e ouvi declarações comoventes. Filho meu não bota a mão no alheio, disse uma dessas anônimas e honestíssimas brasileiras a um telejornal. Ela mesma foi devolver um eletrodoméstico levado por um dos seus meninos.

Depois que as mães reagiram, começou uma onda de devolução das mercadorias. Deu vergonha em quem havia cometido os saques no comércio da cidade da região metropolitana do Recife.

Essa honra materna é a salvação da lavoura.
Filho meu não bota a mão no alheio. Que o velho coração materno bata mais forte.
Para o filho trombadinha e para o filho político.
Para o filho taxista, para o filho empresário, para o filho dono de restaurantena cidade do Rio de Janeiro.
Para todo amor filial.

Que as mães de Abreu e Lima sirvam de exemplo. Bravas como as mães da praça de Maio. Um lugar que tem um batismo nobre, é bom que se repita: Abreu e Lima (1794-1869), o pernambucano que lutou, escreveu discursos para Simón Bolívar e participou ativamente das guerras da independência da América espanhola.

Que fique esse eco como mantra a todos os rebentos da tal mãe gentil: filho meu não mete a mão no alheio. Isso é que é lição de casa. Vale por todo um sistema de educação que não funciona.