Paulo Cesar de Araújo levou 16 anos pesquisando, pensando e escrevendo a biografia Roberto Carlos em Detalhes: em 2006, publicou o livro pela Editora Planeta. No ano seguinte, Roberto Carlos e seus advogados entraram na Justiça e iniciaram a grande cruzada contra a publicação de biografias não-autorizadas que já dura sete anos no Brasil. Os bastidores desse processo estão agora registrados em novo livro do historiador baiano,O Réu e o Rei, publicado pela Companhia das Letras, que chega nesta terça-feira às livrarias, com uma tiragem de 30 mil exemplares.
Contra Araújo, o Rei perpetrou processos nas esferas cível - que resultou na apreensão do livro e uma multa de R$50 mil por dia para a editora caso o livro continuasse nas prateleiras - e criminal, que resultou numa conciliação muito favorável ao astro da música. O novo livro conta, agora, a história da composição da biografia, das entrevistas e o contato com vários personagens importantes da história da música brasileira, e do processo doloroso que é, marcadamente, um dos maiores atentados à liberdade de expressão na história recente do Brasil.
No final de 2013, a questão da publicação de biografias não autorizadas ganhou destaque nacional depois de o grupo Procure Saber manifestar sua posição contrária ao tema. Composto, na ocasião, pelo próprio Roberto Carlos, por Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento e outros artistas, o grupo e sua posição tiveram uma repercussão negativa que impulsionou a aprovação de um projeto de Lei na Câmara dos Deputados.
O projeto, de autoria do deputado Newton Lima, altera os artigos do Código Civil que versam sobre o tema, no sentido de liberar a publicação de obras não autorizadas. O projeto tramita agora no Senado Federal, e está em análise pela Comissão de Constituição e Justiça.
Estadão