Um jornal da Uganda publicou nesta terça-feira uma lista com nomes e fotos de duzentos homossexuais do país, revelando até mesmo a orientação sexual de muitas pessoas que nunca teriam falado publicamente sobre suas sexualidades. Com a manchete “Desmascarados!”, o jornal inclui nomes de ativistas gays como Pepe Julian Onziema, um cantor popular de hip-hop e um padre da Igreja Católica.
A publicação ocorre um dia após o presidente Yoweri Museveni assinar a polêmica lei antigay que prevê penas de 14 anos à prisão perpétua para os homossexuais no país. O presidente argumentou que alguns grupos estariam promovendo a homossexualidade no país e influenciando crianças, porém não citou os nomes dos grupos. Museveni também disse que existe uma "má influência" ocidental. Apesar das tentativas de interferência internacionais, o presidente foi bastante apoiado em seu país.
O Secretário de Estado americano, John Kerry, disse nesta segunda-feira, 24, que a assinatura da lei marca um “dia trágico para a Uganda e para todos aqueles que se preocupam com a causa dos direitos humanos”, e alertou que os EUA podem impor sanções ao governo do país do leste africano.
Sobre a lista publicada nesta terça-feira, a ativista homossexual Jacqueline Kasha publicou em seu Twitter que “a mídia de caça está de volta”. O ativista gay Patrick Onyango disse que presenciou seis prisões, e que mais de uma dúzia de homossexuais na Uganda saíram do país desde dezembro de 2013 em busca de segurança. O porta-voz da polícia nega as informações sobre as prisões.
Em 2011, outro tablóide, já extinto na Uganda, publicou uma lista similar em que incitava as pessoas à execução de gays. Na época, um juiz condenou a divulgação da tal lista em um país onde os homossexuais enfrentam severa discriminação, e considerou a publicação invasão de privacidade; ainda em 2011, um ativista foi assassinado por causa de seu trabalho promovendo direitos de homossexuais na Uganda.
A nova lei antigay da Uganda proíbe as relações homossexuais entre adultos homossexuais e a pena pode chegar à prisão perpétua.
Portal Terra com informações da AP