A inserção das mulheres em manifestações culturais como o maracatu, o Hip Hop, entre outras foram algumas das questões debatidas durante a realização do I Seminário “Expressões Artísticas e as Questões de Gênero”, promovido pela Secretaria Estadual da Mulher em parceria com a Secretaria de Cultura de Pernambuco e Fundarpe. O evento ocorreu durante dois dias no Recife. Além de palestras, também contou apresentações artísticas.
O seminário objetivou levar à reflexão dos participantes questões sobre a perspectiva de gênero nas políticas públicas de cultura, contribuindo para a promoção dos direitos culturais das mulheres, dando visibilidade às suas diversas expressões, tradições e manifestações artísticas. O evento contou com a presença de pessoas ligadas à cultura, gestoras de políticas públicas para as mulheres, representantes de movimentos feministas, entre outros.
A mesa de abertura do evento, realizada na noite da terça-feira, contou com a participação da Secretária da Mulher, Cristina Buarque e do Diretor de Políticas Culturais da Fundarpe, André Brasileiro, que representou o secretário da Cultura, Marcelo Canuto, e a Gerente de Programas e Ações Temáticas da SecMulher, Alessandra Rios.
Cristina Buarque provocou a plateia presente ao seminário ao questionar o número de homens que conseguiram se destacar nas artes até a contemporaneidade, “será que apenas os homens chegaram lá ou não houve espaço para as mulheres mostrarem os seus talentos? Muitas mulheres até usavam pseudônimos masculinos para identificarem suas obras, até neste espaço as mulheres foram limitadas”.
Ela comentou ainda que as mulheres tem que conquistar espaços também no meio artístico. Cristina Buarque anunciou que seminários similares serão realizados anualmente, para que sejam debatidas determinadas situações vivenciadas por mulheres nas manifestações culturais, “os encontros servirão para buscar as soluções para essas questões”, comentou a Secretária.
Já o diretor da Fundarpe, André Brasileiro, afirmou ser muito importante a realização deste tipo de seminário onde são discutidas as questões de gênero “vamos cada vez mais fortalecer essa parceria com a SecMulher”, disse o diretor.
Por compreender que Gênero é uma categoria de análise que não deve ser pensada isoladamente, a Secretaria da Mulher propôs em sua programação palestras que contemplaram as dimensões de raça e etnia, sexualidade, geração e classe social. Dentro dessa proposta foram apresentados trabalhos que problematizaram questões de gênero no mundo da moda, música, hip hop, maracatu e literatura.
As palestrantes enfatizaram a importância do seminário, visto que um evento com essa temática específica ocorre de maneira pioneira no país, dentre os vários eventos de grande e pequeno porte que abordam a temática de gênero e de cultura, até agora nenhum fez essa pareceria de maneira tão expressiva. Uma proposta inovadora e ousada que ganhou o reconhecimento de todas/os que compareceram ao teatro.
Programação – O primeiro tema a ser debatido foi Gênero e Arte: Processos criativos e artísticos atrelados aos estudos de gênero, raça/etnia e sexualidade, tendo como palestrantes as professoras da Universidade Federal da Bahia, Laila Rosa e Carol Barreto, e como debatedora a professora da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, Lucia Helena Guerra. Após os debates, houve a apresentação artística de BemDita.
Na quarta-feira foram realizadas duas mesas redondas. O primeiro tema foi Gênero e Cultura Popular: naturalização das artes e das tradições e impactos em políticas de cultura com as professoras da UFPE Lady Selma, Jaileila Menezes e Dayse Luna. O segundo tema foi Violência de gênero: perspectivas e contextos nas linguagens artístico-culturais, com a representante da Ação Mulher Maria Áurea e da Professora da PUC, Fernanda Felisberto, sob a coordenação da Antropóloga e Pesquisadora, Jeiza Saraiva. A apresentação cultural ficou por conta do Grupo Saruê (foto).
Secretaria da Mulher de Pernambuco