O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, negou hoje (22) que o acordo para que médicos cubanos trabalhem em áreas carentes do Brasil tenha um “viés ideológico”. Ele disse que a motivação é humanitária para suprir as necessidades do país. Patriota reiterou que o acordo com os profissionais de Cuba avalia a experiência deles e o contato com a saúde da família, mas evitou mencionar o fato de os salários dos médicos cubanos serem administrado pelo governo de Cuba.
O chanceler participa de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, destinada a discutir temas relativos à política externa brasileira. “[A decisão de contratar médicos cubanos] foi tomada em função de considerações dos melhores serviços possíveis, não tem motivação ideológica, há muitos médicos cubanos dispostos a fazer esse tipo de trabalho, talvez não tenha muitos médicos austríacos, por exemplo, dispostos a fazer esse trabalho”, disse.
“A questão de atração de médicos cubanos tem a ver com a carência de profissionais em áreas do Brasil. É algo que é aceito internacionalmente, dentro das estratégias de saúde. O acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde [Opas] garante que estamos procedendo dentro das melhores práticas”, ressaltou. “A ideia é atrair o médico que esteja disposto a trabalhar. Não há um viés ideológico, mas, ao contrário, um viés humanitário”.
O Ministério da Saúde anunciou ontem (21) que, até o fim do ano, 4 mil médicos cubanos vão chegar ao Brasil para atuar nas cidades que não atraírem profissionais inscritos individualmente no Mais Médicos. No dia 26, chegam 400 profissionais, que vão passar pelo mesmo processo de avaliação dos médicos com diploma estrangeiro e sem revalidação do diploma, inscritos na primeira etapa do programa.
De acordo com o ministério, os médicos cubanos vão suprir a demanda de parte dos 701 municípios que não foram selecionados por nenhum médico na primeira edição do programa. A parceria com os cubanos foi anunciado pelo Ministério da Saúde e pela Opas, que não sabem dizer o valor que será repassado individualmente a cada profissional, pois os recursos serão gerenciados pelo governo de Cuba.
Em 4 de outubro, mais 2 mil médicos cubanos devem chegar ao país para uma nova etapa. Assim como os que se inscreveram individualmente, os cubanos que vêm pelo acordo com a Opas não precisarão passar pelo chamado Revalida (Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior) e, por isso, terão registro provisório por três anos para atuar na atenção básica e com validade restrita ao local para onde forem designados.
Agência Brasil