O estudo foi fruto de uma ação civil pública do Ministério Público Federal em Pernambuco, segundo Pires. “O Itep foi contratado para fazer esse estudo que seria uma parte da solução do problema. Só foi feita a caracterização [dos prédios] e o grau de risco. Pela ação civil pública, tem mais duas etapas. Os laudos dos prédios considerados [com riscos] muito altos e altos e os projetos de recuperação desses prédios”, afirma Pires.
O coordenador lembra que o estudo foi feito a pedido da Prefeitura do Recife, abrangendo 2.300 prédios. “Desses, 133 foram considerados com risco muito alto e 1.200 com risco alto. A gente fez toda uma metodologia para caracterizar. Caracterizamos 23 itens estruturais do prédio, principais patologias e chegamos a uma classificação”, aponta o coordenador. Em uma escala de um a quatro, os prédios foram classificados em riscos baixo, médio, alto e muito alto.
Esse mesmo estudo foi utilizado pela Defesa Civil do Recife para interditar os prédios na sexta. “Que eu saiba, a prefeitura distribuiu essa informação aos condomínios. Nos casos dos prédios com nível muito alto, já deveria ser necessário [os moradores] saírem para ser estudado e recuperado. Os laudos é que dizem o que precisa ser feito. E do que precisa ser feito, os projetos de recuperação vão complementar dizendo quanto vai custar”, diz o coordenador, lembrando que apenas a primeira etapa foi concluída.
O consultor gastronômico Leandro Lima foi, nesta segunda (27), até a regional da Diretoria de Controle Urbano (Dircon) em busca do estudo que ouviu falar apenas na sexta-feira (24). "Ninguém nunca nos procurou para falar sobre esse relatório. Ali diz que os prédios são de altíssimo risco, eles analisaram o B e o F. Está todo mundo abalado, tomei a frente porque meus pais não têm condições", afirma Lima, que mora há 17 anos no bloco A2 do residencial.
Segundo o documento entregue ao consultor gastronômico, o Bloco F tinha um índice aproximado de 3,86, considerado risco muito alto, e no Bloco B, 3,94, também muito alto. Ao todo, 23 itens estruturais foram analisados para a elaboração do índice, afirma Pires. “A de fundação, parte de subestrutura, de viga, contra-viga, cinta, tipo de laje. Toda parte estrutural da edificação foi analisada nesse trabalho”, garante o coordenador do estudo.
A funcionária pública Maria Inês Pereira, moradora do Bloco F, não sabe o que fazer. “Nem um morador sequer sabe dessa informação. Está todo mundo angustiado, quem pode ajudar a gente? Eu queria uma decisão, fica todo mundo sem saber o que fazer. Já disseram que temos que contratar uma empresa pra avaliar esse laudo do Itep, mas a gente ainda está perdido”, afirma Maria Inês.
Morando há apenas três anos no conjunto residencial, a funcionária pública Maria do Socorro Santos espera uma solução. “Eu sou do Ceará, não tenho ninguém aqui no Recife. Eu tenho tudo pago direitinho, todas as taxas, IPTU, tudo... E não vejo solução alguma. Eles sabem cobrar, mas cadê solução?”, questiona Maria Inês.
A Defesa Civil do Recife voltou na manhã desta segunda-feira ao residencial para acompanhar a evolução das fissuras identificadas nas estruturas dos blocos. Os outros blocos também vão ser vistoriados pelo órgão municipal. Ao todo, o residencial tem 14 blocos e 224 apartamentos.
A Defesa Civil do Recife voltou na manhã desta segunda-feira ao residencial para acompanhar a evolução das fissuras identificadas nas estruturas dos blocos. Os outros blocos também vão ser vistoriados pelo órgão municipal. Ao todo, o residencial tem 14 blocos e 224 apartamentos.
Portal G1