Hebert Silva Santana aprendeu a ser pai da própria mãe quando tinha apenas 13 anos. No rearranjo familiar, necessário para cuidar da depressão severa de Marinalva Santana, então com 45 de idade, coube ao quarto – na escadinha de cinco filhos – cuidar da mulher que parou de falar, sorrir e ocupava os cantos da casa com um “silêncio perturbador”, lembra ele.
“Aprendi a tingir os cabelos da mamãe, pintar as unhas, dar banho, comida. Fazia tudo com carinho, mas sentia falta de um cafuné que só mãe sabe dar”, conta. Agora, após completar o 36º aniversário, Hebert reaprende a ocupar o papel de filho.
Um tratamento brasileiro, pioneiro e inédito no mundo, trouxe de volta a voz e a expressão à Marina – como gosta de ser chamada. Foram 22 anos calada pela sequela depressiva chamada catatonia (em que há paralisação de manifestação de sensações e até de movimentos simples, como a fala).
Há 60 dias, ela voltou a dizer em alto e bom som não gostar “nada nada” do “alva” que completa o nome. “Prefiro Mara ou Marina”, orienta.
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