quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Yoani Sanchez: "Regime cubano agora quer matar minha imagem"


A dissidente cubana Yoani Sánchez , que foi recebida no Brasil esta semana com protestos de militantes pró-Cuba acusando-a de ser agente da CIA, disse nesta terça-feira (19) que a estratégia do regime comunista contra ela é denegrir sua imagem para desqualificar as críticas que faz ao governo em seu blog "Generación Y".
Yoani, a mais conhecida ativista de oposição da ilha comunista, finalmente recebeu autorização para sair de Cuba e escolheu o Brasil como a primeira parada de uma viagem de 80 dias que a levará a diversos países .
A blogueira, no entanto, foi recebida com protestos nos aeroportos de Recife e Salvador , na segunda-feira, e a exibição em Feira de Santana (BA) de um documentário em que ela é entrevistada teve de ser suspensa , na noite de segunda, por causa dos protestos. A polícia precisou ser chamada ao local.
A União da Juventude Socialista (UJS) que organiza as manifestações divulgou nota nesta terça negando que seu protesto tivesse impedido a exibição do filme ou que qualquer um dos manifestantes fossem responsáveis por agressões a dissidente cubana.
"(A) manifestação de Feira de Santana não impediu a exibição do filme nem cerceou de qualquer modo o direito de Yoani se pronunciar. A UJS organizou uma manifestação democrática no local, Yoani chegou bastante atrasada e, ao entrar foi recebida apenas com palavras de ordem de protesto, nenhuma agressão verbal, muito menos física", afirma a nota.
"Não temo pela minha vida. Não temo pela minha vida, porque acredito que a estratégia do governo cubano agora contra mim não é matar meu corpo, mas sim minha imagem", disse Yoani em entrevista coletiva organizada pelo cineasta Dado Galvão, diretor do documentário "Conexão Cuba x Honduras".
O documentário será exibido em São Paulo com a presença de Yoani esta semana, segundo Dado.
Yoani, de 37 anos, recebeu seu passaporte há apenas duas semanas, graças a uma reforma de imigração cubana que entrou em vigor neste ano, depois de ter seu pedido para viajar negado mais de 20 vezes nos últimos cinco anos.
A possibilidade de Yoani deixar Cuba foi vista como um teste das novas leis migratórias do país, que eliminaram a necessidade da permissão para deixar a ilha, imposta aos moradores por cinco décadas.
As autoridades de Cuba podem continuar negando viagens, alegando defesa da "segurança nacional", e entre outros motivos, o que explica por que outros dissidentes enfrentarem restrições. Ainda assim, a queda da restrição é vista como uma das reformas mais significativas do presidente Raúl Castro para renovar alguns elementos da economia, do governo e da sociedade de Cuba.
Portal UOL