quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Músico pernambucano denuncia agressão na Espanha


Um funcionário da Embaixada Brasileira em Madri, na Espanha, deve viajar até Granada, no mesmo país, para acompanhar o caso do músico pernambucano Israel de França, que contou ter sido agredido por policiais na cidade espanhola onde vive há 22 anos. A Assessoria de Imprensa do Palácio do Itamaraty, em Brasília, informou que Israel entrou em contato com a Embaixada, que pediu esclarecimentos sobre a denúncia à Corregedoria de Polícia Espanhola, como mostra a reportagem do Bom Dia Pernambuco na TV Globo Nordeste desta quinta-feira (27).
O músico e maestro é violinista e rege a Orquestra da Câmara da Granada. Na segunda-feira (24), ele afirmou ter sido agredido por policiais enquanto estava num bar com um amigo brasileiro, no domingo (23). De acordo com Israel, o amigo, de cor branca, foi liberado em seguida. Ele foi levado pelos policiais para o prédio de uma delegacia nas proximidades do bar, onde teria sido espancado sem justificativa.
Por telefone, ele diz que pode haver muitas explicações, mas acredita em uma hipótese em especial. "Pode ser perfeitamente racismo ou preconceito. Pode ser pela minha cor porque o outro rapaz não foi espancado", conta.
O músico já havia sofrido preconceito ainda adolescente, morando no Recife. Na década de 80, ele correu para pegar um ônibus com um violino na mão quando foi abordado por policiais. Eles exigiram a prova de que ele soubesse tocar o instrumento. "Toquei 'Jesus, alegria dos Homens', de Bach", diz.
Israel não acredita que os dois casos tenham alguma relação. "Aqui foi diferente. Aí não me pegaram, não me espancaram. Aqui não; nem os documentos no momento eles queriam", conta o músico.
História
Em 1982, Israel de França fez sua estreia como solista de violino em uma apresentação com a Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Teatro de Santa Isabel, noRecife. Depois, viajou para São Paulo onde trabalhou na Orquestra Sinfônica de Campinas. Ainda no Brasil, trabalhou na Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Israel foi até a Europa porque conseguiu uma bolsa de estudos da Embaixada Brasileira em Portugal e um emprego na cidade do Porto. De lá, seguiu para Granada, na Espanha, onde estudou regência e ajudou a fundar a Orquestra da Câmara da Cidade.
Israel mora em Granada há 22 anos e não esconde sua história de vida e nem as agressões que sofreu no Recife e na Espanha. Ele crê que pode se identificar com muitos brasileirinhos. "Eu faço questão de relembrar, falar publicamente. Dizer que minha vida foi assim porque eu sei que tem muitas crianças nesse Brasil que também pensam a mesma coisa: quem não tem nada que possa impedir de ser um grande músico, um grande pintor, sabe, um artista", conclui.
Portal G1