O helicóptero Sikorsky, modelo S-76 A, matrícula PP-EPF, de propriedade do Estado de São Paulo, partiu no fim da manhã do Palácio dos Bandeirantes rumo ao aeroporto de Guarulhos. Lá, a aeronave teve autorização para pousar no pátio 6, chamado de pátio vip do aeroporto.
O governador e a primeira-dama, Lu Alckmin, foram então ao encontro da família, que vive no México. Depois de aguardarem os trâmites de alfândega e imigração, voltaram todos para o Palácio dos Bandeirantes. As fotos no aeroporto e no helicóptero foram postadas no Instagram (aplicativo de fotos usado em celulares e que funciona como uma rede social) da primeira-dama, que é aberto para o público.
Em uma das imagens, o governador aparece com um dos netos no colo dentro da aeronave.
O Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista onde Alckmin reside, está a cerca de 51 km do Aeroporto de Guarulhos. De carro, no horário em que Alckmin usou o helicóptero, o trajeto pode durar mais de uma hora em razão do trânsito na capital. Na sexta-feira, o governador cumpriu agenda oficial no palácio e participou de cerimônia para lançar o Atlas Eólico do Estado.
Veículos. O governo estadual afirmou que o tucano tinha o direito de usar a aeronave para buscar a família porque se tratava de um veículo de representação à disposição do governador, que se "destina a qualquer dos seus deslocamentos enquanto ele estiver no exercício do cargo, 24 horas por dia". O Palácio dos Bandeirantes citou ainda como exemplo decreto do governo federal que trata do uso dos veículos pelo presidente, o vice-presidente e ministros de Estado.
Não há uma lei estadual que trate do uso das aeronaves. Há normas colocadas pela Casa Militar, que é subordinada ao gabinete do próprio governador.
Alckmin é conhecido no meio político por não usar veículos oficiais em eventos partidários ou pessoais. Em reuniões do PSDB, costuma ir de táxi, de carona ou com seu carro particular.
Durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os filhos do petista usaram avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para dar carona a amigos e visitar os pais na capital federal.
Em 2009, uma aeronave da FAB teve de voltar a São Paulo quando se preparava para descer em Brasília para buscar um dos filhos do ex-presidente, Fábio Luís Lula da Silva, que estava acompanhado de outras 15 pessoas. À época, a Presidência se recusou a passar a lista dos amigos que embarcaram no avião oficial. A carona foi criticada por tucanos no Congresso.
Em 2008, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), pediu desculpas pelo que chamou de "constrangimento" causado ao povo cearense por ter dado uma carona à sua sogra, Pauline Carol Habib Moura, para a Europa.
Em países europeus, há regras que restringem o uso das aeronaves oficiais por familiares de políticos. Parentes que embarcam no avião têm de pagar o valor da passagem para o Estado. É o caso da Alemanha. A chanceler Angela Merkel chegou a despachar o marido em avião de carreira nas férias. Em vez de pagar para usar o avião oficial, eles preferiram arcar com um bilhete de uma companhia área. Saiu mais barato.
Estadão