O compromisso que temos com os Direitos Humanos no Brasil deve ser amplo. Todas as questões devem ser tratadas com urgência. Eu peço a vocês que tenham sempre essa atitude crítica, de acompanhamento. A nossa missão não será cumprida enquanto não respondermos onde estão os que foram mortos. É isso que buscamos”.
As palavras são da Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, que liderou, na tarde desta segunda-feira (22), o ciclo de debates “Direitos Humanos, Justiça e Memória”. O encontro foi realizado no auditório G1 da Universidade Católica de Pernambuco, e reuniu grandes nomes da luta pelos direitos humanos no Brasil e no mundo.
Durante o seu discurso, a ministra fez questão de destacar vários nomes que compuseram a história da luta do país nas causas humanísticas. “Manoel Mattos foi um lutador. Ele foi morto por defender as pessoas, como advogado, como lutador das causas humanas”, disse. “O crime contra Mattos foi o único federalizado no Brasil. Nós estamos acompanhando as investigações da Política Federal e os resultados do Ministério Público Federal. Em breve, nós teremos o julgamento, e eu acredito que os seus responsáveis serão condenados”, cravou.
Depois de passar a manhã visitando os “locais de memória” do Recife que marcaram o período da ditadura militar, a convite da secretária de Direitos Humanos e Segurança Cidadã do Recife (SDHSC-PCR), Amparo Araújo, a comitiva de Direitos Humanos, ficou responsável por instigar a reflexão sobre temas que até hoje provocam lembranças angustiantes em algumas pessoas. “A covardia era chamada de prudência. Muitos ainda vivem assustados”, disse a ex-ministra da cultura do Chile e diretora do museu da memória e dos direitos humanos, Márcia Scantlebury.
O ciclo de debates é coordenado pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (FLACSO) e já percorreu três capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Aqui no Recife, o foco do encontro foi “Memória, história e verdade: a luta pelos direitos humanos no Brasil e na América Latina”. “Precisamos manter esse debate vivo. O nosso trabalho, hoje, é de sensibilização para enfrentarmos aquela formação cultural que está presente dentro das instituições desde o período da Ditadura militar”, Maria do Rosário.
Coube ao reitor da Unicap, padre Pedro Rubens, agradecer a presença de todos na instituição e ressaltar a importância do debate para que Pernambuco se torne, também, pioneiro nas questões ligadas ao tema da discussão. “As pessoas envelhecem, mas as instituições não podem envelhecer. Hoje, a Universidade tem a oportunidade de se reinventar”, finalizou.
A comitiva é formada pela Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, a ex-ministra da cultura do Chile e diretora do museu da Memória e dos Direitos Humanos, Marcia Scantlebury, o ex-relator especial para o direito à educação da ONU, Vernor Muñoz, o secretário executivo de Justiça e Direitos Humanos do Governo de Pernambuco, Paulo Moraes e André Lázaro da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO).