O deputado federal Paulo Rubem Santiago teve rejeitado nesta quarta-feira seu pedido para que o partido lançasse candidatura própria a prefeito do Recife (PE). De acordo com o parlamentar, a decisão pela participação da aliança liderada pelo candidato Geraldo Júlio (PSB), foi tomada pelo presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, para manter a palavra empenhada por José Queiroz, presidente estadual da legenda.
A decisão da executiva nacional contrariou a posição de diversos líderes do partido. Além de Paulo Rubem, os deputados federais Paulinho da Força, candidato a prefeito de São Paulo, e André Figueiredo, líder da bancada na Câmara, o ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa, candidato à prefeitura de Maceió, o senador Cristovam Buarque (DF) e o ministro do Trabalho, Brizola Neto, queriam a candidatura própria.
O primeiro golpe no desejo de Paulo Rubem de ser prefeito ocorreu na convenção municipal, que aconteceu em meio a trocas de acusações de erros e fraudes. A denúncia formal de fraude foi levada à executiva nacional do partido, que marcou reunião para definir a situação nesta terça-feira. Enquanto líderes defendiam a tese da candidatura própria, José Queiroz alertava que havia empenhado a palavra com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), principal fiador da Frente Popular do Recife.
Os participantes da executiva ainda tentaram articular um acordo político, mas contaram com a resistência do presidente estadual. A decisão foi transferida para a quarta-feira, mas depois modificada por Carlos Lupi. Segundo Paulo Rubem, Lupi o procurou para afirmar que manteria a participação na coligação liderada pelo PSB para não colocar José Queiroz em má situação. O deputado disse que Lupi preferiu a pressão moral aos seus argumentos. "Não aceitou uma tese política". Paulo Rubem acredita que o papel do PDT será secundário. "Vivo fosse, Brizola morreria de vergonha", afirmou ao criticar a aliança com a Frente Popular.
Esse não é o único distanciamento político interno enfrentado por José Queiroz. Além de presidente do partido no Estado, ele é prefeito e candidato a reeleição em Caruaru, o maior município fora da região metropolitana do Recife. O vice-governador do Estado, João Lyra Neto, é do PDT e de Caruaru. Esta semana, o grupo político de Lyra publicou nota nos jornais afirmando que se manteria neutro na eleição em sua cidade, na qual o prefeito em campanha é um correligionário.
Celso Calheiros - Portal Terra
